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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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E, curiosamente, para não se dizer que citamos aqui apenas uma autora «conservadora», veja-se o<br />

testemunho insuspeito de um activo protagonista do Maio de 68 françês, JEAN-PIERRE LE GOFF, autor da<br />

obra recente: Maio de 68, a Herança Impossível, ed. La Découverte, 1998, que, numa longa entrevista <strong>ao</strong><br />

jornal Público de 10 de Maio de 1998, intitulada justamente «30 anos depois, a herança impossível»,<br />

conclui assim:<br />

«(...) PÚBLICO: Quais são as consequências políticas da herança de Maio de 68 ?<br />

— RESPOSTA: A sociedade já não funciona só com ordens e os indivíduos são mais vigilantes, o<br />

que é tremendamente positivo. Temos portanto uma sociedade mais democrática, mas com um sério<br />

problema para o futuro da colectividade. É que, se levo até <strong>ao</strong> fim a lógica individualista, digo, como em<br />

Maio de 68, que tudo o que não é o “eu”, é um agente de repressão contra mim. Chega-se assim a uma<br />

figura do indivíduo-rei, que não se interessa por nada que não corresponda <strong>ao</strong>s seus desejos e às suas<br />

necessidades. Isto acaba numa situação grave de despolitização da sociedade. Tal como, à força de se querer<br />

cultivar as diferenças, se acaba por não ter convicções nenhumas. E isso é uma bênção para [o partido de<br />

extrema-direita] Frente Nacional. O combate contra a Frente Nacional não pode ser só a reacção de uma<br />

cultura culpabilizadora de após-Maio de 68: ele passa também por se saber em que é que se acredita, e que<br />

valores se quer defender.<br />

— PÚBLICO: Maio de 68 lega também uma herança positiva ?<br />

— RESPOSTA: Maio de 68 foi um maravilhoso momento de festa e de libertação da palavra. Mas a<br />

questão é hoje a de se encontrar uma palavra que ajude a sociedade a ver claramente onde está, e de haver<br />

um Estado capaz de encontrar um papel coerente perante a sociedade. No fundo, continuamos a querer<br />

responder a uma questão essencial legada por Maio de 68: a modernização da sociedade deve servir para quê<br />

?».<br />

Além de que, no homem, ela, a Liberdade, não é a «liberdade absoluta» de uma «Consciência»<br />

plena e absolutamente transparente a si própria e totalmente soberana, como a pensou ilusoriamente um<br />

SARTRE, mas uma liberdade finita, relativa, contingente, condicionada, situada e dialéctica, que<br />

pressupõe um prévio «Quadro» aberto «Ontológico» e «Antropológico» (a tal «Natureza Humana<br />

Universal Real», que simultâneamente a sustenta, a contém e a limita e que SARTRE não aceitou) e Limi-<br />

tes biológicos, biotipológicos, psicológicos, caracteriológicos e contextuais-externos ou de circunstân-<br />

cia que fizeram justamente ORTEGA Y GASSET dizer que: «Eu sou Eu e a Minha Circunstância» !!!<br />

Mas também não é, para nós, a Liberdade Selvagem de alguma Barbárie Moderna Contemporânea,<br />

ou do Egoísmo e Egocentrismo Anti-Sociais e do Anarquismo Subversivo, para os quais o ideal era mes-<br />

mo o de uma sociedade sem regras, sem limites, sem Ordem, sem vinculações, sem obrigações e sem res-<br />

ponsabilidade !!!<br />

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