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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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precedente normativo exemplar, pelo menos no âmbito nacional, para a auto-regulação dos media, na qual<br />

mais atrás confiava J.C. ESPADA. Cfr. a confirmação <strong>deste</strong> facto acabado de referir, a págs. 13, do nº. 288,<br />

de 24 a 30 de Setembro de 1998, da revista VISÃO; e a excelente «coluna», intitulada “Métodos inquisito-<br />

riais” — CLINTON é vítima de hipocrisia e voyeurismo, da autoria do Procurador-Geral da República<br />

português, CUNHA RODRIGUES, a págs. 51, do mesmo número, da mesma revista, onde se conclui o<br />

seguinte sobre a hipertrofia do «ideal republicano» da supremacia da virtude pública: «(...) A defesa da<br />

ética política não se faz à custa da destruição da individualidade nem do esmagamento da dignidade da<br />

pessoa. De outro modo, o ideal de transparência que inundou muitas democracias vai obrigar os políticos a<br />

apresentarem, em vez de uma declaração de interesses, uma declaração de vícios e virtudes. Emergirá então<br />

uma República virtuosa. Tão virtuosa quanto provavelmente totalitária».<br />

Aliás, já que «a conversa é como as cerejas...», no mesmo local acabado de referir, mas a págs. 40,<br />

pode encontrar-se uma «crónica» de BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, sob o título O sexo dos anjos,<br />

que começa assim:<br />

«As sociedades democráticas são constelações de três culturas políticas: democracia, liberalismo e<br />

republicanismo. A democracia é a cultura da legitimidade dos governantes livremente eleitos para governar.<br />

O liberalismo é a cultura da distinção entre a esfera pública e a esfera privada, conferindo a esta última a<br />

primazia e exigindo do Governo que interfira com ela o mínimo possível. O republicanismo assenta na<br />

mesma distinção, mas, <strong>ao</strong> contrário do liberalismo, confere a primazia à esfera pública e exige dos<br />

governantes o cumprimento de um dever público de zelar pelo bem comum.(...)».<br />

Já só com esta «introdução» à sua «Crónica», esclarecendo «conceitos» e «culturas», B. DE SOU-<br />

SA SANTOS nos ajuda a compreender porque, pessoalmente, «resistimos», lá no fundo, a assumirmo-nos<br />

como Republicano, preferindo fazê-lo como Liberal Clássico.<br />

ral, já que:<br />

E, em continuação da mesma «Crónica», percebemos porquê este autor é, basicamente, um anti-libe-<br />

α) – nem o liberalismo tem necessariamente de ser sexista (embora possa ser, com boas razões, anti-<br />

-feminista) e classista (conceito este que decorre do marxismo originário do autor);<br />

β) – o que o liberalismo legítimo e clássico sempre reivindicou foi, não tanto que o Governo inter-<br />

ferisse o mínimo possível com a chamada «esfera privada», mas que, quando o fizesse, o fizesse no modo<br />

próprio, i. é, no modo do Direito = por regras formalmente gerais e abstractas, universalmente aplicáveis<br />

a todos na intencionalidade e axiologicamente fundadas de um ponto de vista substantivo (nomos, ius);<br />

E, finalmente,<br />

γ) – o liberalismo clássico (ou tradicional) não se identifica necessariamente com, nem avaliza todos<br />

os pressupostos e consequências de que parte e a que conduz [com um certo maior radicalismo e<br />

negligenciando sobretudo — porque operando um corte conceptual inadmissível entre o conteúdo (as<br />

pessoas, desde logo, as relações intersubjectivas ou «sociais» de «troca» entre elas e os «valores» e a<br />

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