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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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qualquer outro; somos inclinados a considerá-lo como um acessório de algum modo supérfluo, apesar de<br />

ele não pertencer menos <strong>ao</strong> nosso destino e ser tão inevitável quanto os de outra origem».<br />

E continua FREUD, dissertando sobre o que poderíamos talvez chamar «as estratégias do Princípio<br />

do Prazer»:<br />

«Não nos espantemos pois se, sob a pressão dessas possibilidades de sofrimento, o homem se<br />

dedique comummente a reduzir as suas pretensões à felicidade (um pouco como o faz o princípio do<br />

prazer transformando-se sob a pressão do mundo exterior nessse princípio mais modesto que é o da<br />

realidade), e se ele já se considera feliz de ter escapado à infelicidade e superado o sofrimento; se de um<br />

modo muito geral a tarefa de evitar o sofrimento relega para segundo plano a de obter a fruição.<br />

A reflexão ensina-nos que podemos procurar resolver este problema por vias muito diversas. A satisfação<br />

ilimitada de todas as nossas necessidades propõe-se-nos com insistência como o modo de vida mais sedutor,<br />

mas adoptá-lo seria <strong>fazer</strong> passar o prazer à frente da prudência, e a punição seguiria de perto essa<br />

tentativa. Os outros métodos, tendo por principal objectivo evitar o sofrimento, diferenciam-se conforme as<br />

respectivas fontes de desprazer sobre as quais fixam a sua atenção. Há-os extremos e moderados, uns são<br />

unilaterais, outros fixam-se em vários pontos de uma vez. O isolamento voluntário, a distanciação de<br />

outrém, constitui a medida de protecção a mais imediata contra o sofrimento nascido dos contactos<br />

humanos. É claro que a felicidade adquirida graças a esta medida é a do repouso. Logo que se abomina o<br />

mundo exterior, não nos podemos defender dele senão pela distanciação sob uma qualquer forma — pelo<br />

menos se se quer resolver apenas essa dificuldade. Existe na verdade um procedimento diferente e melhor;<br />

após ser-se reconhecido como membro da comunidade humana e armado da técnica forjada pela<br />

ciência, passa-se <strong>ao</strong> ataque da natureza que, então, submetemos à nossa vontade: trabalha-se com todos<br />

para a felicidade de todos. Mas o mais interessante dos métodos de protecção contra o sofrimento são ainda<br />

aqueles que visam influenciar o nosso próprio organismo. No fim de contas, todo o sofrimento não é<br />

senão sensação, só existe porque o experimentamos; e nós experimentamo-lo em virtude de certas<br />

disposições do nosso corpo» — os itálicos + os Bold são nossos e FREUD continua dissertando sobre os<br />

variados modos e estratégias de o organismo humano se furtar <strong>ao</strong> sofrimento.<br />

«Eros» é, afinal, como o disse HERBERT MARCUSE, no seu tempo, a «Essência de Ser»<br />

(como positividade) — passe, por agora, apesar de tudo, a «discutível distorção», por este último Autor, do<br />

Pensamento Freudiano e a sua radicalizada (muito à «Anos 60», mas de que, hoje, aí temos, socialmente,<br />

as «sequelas»...), maternante, licenciosa, permissiva (ingénua ?...) e psicológico-culturalmente «regres-<br />

siva», compreensão exclusivamente «Estético-Erótica», apenas «Lúdica» e acabadamente «Narcísica»<br />

da «Pessoa» do Homem e da Vida (em sentido <strong>completo</strong> e integral, que incorpora tanto Prazeres, como<br />

Dôr e Sofrimento...), porque Unilateralmente fundada, essa sua «Compreensão», apenas no «Princípio<br />

do Prazer» e de todo alheia <strong>ao</strong> (e mesmo denegatória do) que o próprio FREUD não se «esquecera» de<br />

«identificar» como o «Princípio da Realidade»...<br />

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