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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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versais dos «Consumidores») e a Liberdade, sob todos os aspectos, todavia é ela que está <strong>ao</strong> serviço das<br />

Pessoas e Não as Pessoas <strong>ao</strong> serviço dela.<br />

Neste sentido, ou num sentido semelhante, veja-se também FRANCIS FUKUYAMA, Confiança:<br />

Valores Sociais & Criação de Prosperidade, 1996, citado na bibliografia anexa, onde o liberalismo também<br />

toma uma orientação comunitária e cultural: também este autor defende que a vida económica é impregnada<br />

pela Cultura e depende de vínculos morais de confiança social, um acordo tácito, não expresso por palavras<br />

faladas ou escritas, entre os concidadãos, que facilita as transacções, permite a criatividade individual e<br />

justifica a acção colectiva; na luta global pelo predomínio económico a que agora assistimos — uma luta em<br />

que as diferenças culturais serão a principal determinante do êxito nacional — o capital social representado<br />

pela confiança será tão importante quanto o capital físico; em sua opinião, a grandeza dos Estados repousa,<br />

não no seu suposto cunho individualista, mas na natureza coesa das suas associações civis e na força das<br />

suas comunidades. Tudo isto não deixa, porém, de ir <strong>ao</strong> encontro da noção de individualismo verdadeiro já<br />

referida por FRIEDRICH HAYEK no seu <strong>texto</strong> Individualism: True and False, 1945-1946, na obra<br />

Individualism and Economic Order, 1948, 1980, 1984, citada na bibliografia anexa, onde se podem ver<br />

antecipados já, de algum modo, os conceitos de sociabilidade espontânea (ou de civismo comunitário, na<br />

designação de ROBERT PUTNAM) e de comunidade espontânea referidos por FUKUYAMA naquela obra,<br />

pág. 37 e seguintes.<br />

Neste ponto, queremos esclarecer o seguinte: defender tão afincadamente, como o temos vindo a <strong>fazer</strong><br />

<strong>ao</strong> longo de todo este <strong>livro</strong>, a Economia de Mercado (Catalaxia) e, agora, especificamente, a Economia<br />

«Social» de Mercado, de que se acabou de falar, pode parecer uma flagrante inutilidade, algo absolutamen-<br />

te despropositado e impertinente, ou até obsoleto, um querer «derrubar portas já abertas», como se costuma<br />

dizer, porquanto é essa hoje a única e indiscutida forma de economia que vigora globalmente e é,<br />

portanto, um «dado da realidade» definitiva e irrevocavelmente adquirido !<br />

Só que, uma coisa é defender essa forma de economia, dizendo (como o disseram, logo ADAM<br />

SMITH, depois HAYEK, POPPER e muitos outros) que ela é defensável, sobretudo como expressão de e<br />

quadro socio-económico mais favorável à Liberdade (portanto, em nome de um Princípio ou Valor, i. é,<br />

de um ponto de vista normativo, e não apenas por razões pragmáticas ou de capitulação perante a<br />

realidade), mas que ela não dispensa um enquadramento normativo por regras jurídicas (justamente a<br />

rule of law, ou a liberty under the law, que todos aqueles autores pressupunham); ou que não dispensa uma<br />

contextualização numa determinada Cultura, como seu pressuposto circunstancial, nutriente e mesmo<br />

motor, já que o seu funcionamento está grandemente dependente de determinados Valores, mentalidades,<br />

motivações dos agentes, em suma de um determinado «ambiente cultural» ou de um certo Espírito<br />

(também já ADAM SMITH, mas depois sobretudo MAX WEBER, FRIEDRICH HAYEK, KARL<br />

POPPER, FUKUYAMA, JOHN GRAY, ANTHONY GIDDENS e tantos outros que por agora não nos<br />

ocorrem) —, mas advertir também para os perigos, contemporaneamente postos em evidência pelos autores<br />

mais recentes (e já por POPPER, quando falava do «capitalismo sem entraves»), que constitui para essas<br />

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