20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

7 - A Nossa Perspectiva sobre o «Método Contratualista».<br />

Hoje em dia, as teorias do «contrato social» têm sobretudo (e quando muito) apenas o valor de um<br />

método<br />

— um método «político» e «processual» ou «procedimental»: assim, designadamente, na<br />

célebre Teoria da Justiça de JOHN RAWLS.<br />

a) — Quanto a nós, a respeito de qualquer Método Contratualista que se pretenda fundacional da<br />

sociedade, parece-nos que ele só será defensável, quando muito, para o nível da sociedade ou<br />

comunidade política, que é implicado na nossa análise das sociedades contemporâneas: acima ou para<br />

além do nível infra-estrutural e local e do nível intermédio ou estrutural da «realidade» social.<br />

Porquanto, de outra forma ⎯ i. é, pretendendo-se com ele «fundar» toda a realidade social ⎯, cai-se<br />

numa circularidade viciosa em que já é pressuposto, <strong>ao</strong> nível da própria linguagem e das práticas<br />

culturais que herdámos e em que estamos primordialmente inseridos, o que se pretende atingir, no fim,<br />

pelo contrato. Ou seja, <strong>ao</strong> nível da Sociedade ou Comunidade Política Pública, em que pode funcionar<br />

o contrato, já é pressuposto o que vai implícito tacitamente nos dois outros níveis anteriores, em que<br />

lançam raízes os nossos fundamentos culturais, as nossas pré-concepções, as nossas práticas<br />

primordiais e as tradições que, de um ou de outro modo, nos pré-formaram e sempre pré-<br />

condicionam já as nossas opções, os nossos julgamentos e as nossas decisões <strong>ao</strong> nível ulterior e<br />

supremo da realidade política última. Por isso, pode ter esta também uma componente «construìda» e<br />

«deliberadamente elaborada», como superestrutura ou armadura constitutiva — e «Constitucional»<br />

— e reguladora dos outros níveis, mas sempre a posteriori e pressupondo-os. O caminho é,<br />

primordialmente, de baixo para cima, e só a posteriori é que é também de cima para baixo. O nível<br />

superior e ulterior pressupõe sempre o que vai implícito tacitamente nos níveis inferiores ou<br />

anteriores, e não o contrário. A realidade social, num sentido amplo, é pressuposto da política e<br />

condiciona-a e influencia-a. Não é a política que supostamente «cria» ou «constrói» a realidade<br />

social, embora possa ajudar a co-determiná-la. É esta simplesmente a diferença entre uma atitude que<br />

valoriza prioritariamente e dá a primazia à sociedade civil, às suas culturas, instituições, comunidades<br />

espontâneas avulsas (FUKUYAMA) e regras e às pessoas que a constituem, e o «vício» racionalista-<br />

construtivista, potencialmente totalitário, ou simplesmente estatista, que dá sempre a primazia <strong>ao</strong><br />

Estado e à superestrutura política. É esta que está para os níveis local e infra-estrutural ou<br />

microssocial e intermédio ou estrutural, para os pressupor, proteger, defender e manter, e não estes<br />

que estão para a superestrutura política, que é um simples «artifício» ou «instrumento» civilizacional<br />

daqueles. O contrato, possível <strong>ao</strong> nível da sociedade ou comunidade política pública, designadamente,<br />

como Constituição Política, pressupõe sempre o con<strong>texto</strong> cultural e civilizacional mais amplo e mais<br />

fundo dos níveis local ou microssocial e intermédio ou estrutural, bem como a realidade mais alargada<br />

da Grande Sociedade Aberta de Direito, de Cooperação e de Mercado (implicada hoje pelo fenómeno<br />

271

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!