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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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[Cfr. o Editorial de VICENTE JORGE SILVA, no jornal Público de 6 de Maio de 1994, na sequência<br />

de uma célebre manifestação estudantil do dia anterior, de que destacamos especialmente as seguintes<br />

passagens: «A crise da política, o vazio de ideais e valores, terão sido substituídos pela escatologia e<br />

pela obscenidade ? As manifestações de protesto converteram-se hoje em expressões de má-criação,<br />

estupidez e alarvidade que fazem corar de vergonha os espíritos mais to<strong>ler</strong>antes e liberais ? O<br />

“holiganismo” futebolístico transferiu-se dos estádios para as escolas e para a rua ? A banalização da<br />

vulgaridade estimulada pela televisão e por alguns ídolos do momento - como o inenarrável QUIM<br />

BARREIROS - contaminou a própria linguagem da contestação ? Estamos a assistir <strong>ao</strong> nascimento de<br />

uma geração rasca ? (...) É preciso acordarmos para este fenómeno que ameaça alastrar um pouco por<br />

todo o lado. É preciso que pais e educadores se dêem conta do ponto a que chegou a sua demissão,<br />

desde a indiferença familiar e afectiva à degradação física e cívica das escolas. (...)» - os últimos<br />

itálicos são nossos. E não será que tem hoje razão JOSÉ MANUEL FERNANDES, no seu Editorial, no<br />

mesmo jornal, de 18 de Maio de 1997, quando diz a esse propósito: «Por isso, hoje, com mais facilidade<br />

se escreveria àcerca da sociedade rasca do que àcerca de uma geração rasca» ? E a propósito de um<br />

certo reverencialismo muito «politicamente correcto» [outra manifestação recente do «politica-mente<br />

correcto» inquisitorial e pouco inteligente foi a campanha de opinião, lançada no nosso país, sob o lema<br />

«contra o racismo e a xenofobia», meras palavras-de-ordem repetidas acritica e mecanicamente ad<br />

nauseam e sem nenhuma relação com os con<strong>texto</strong>s de realidade dos verdadeiros problemas sociais,<br />

culturais e humanos que lhes servem de mero pre<strong>texto</strong>, apenas empunhando uma bandeira da pura<br />

confrontação maniqueísta que só agudiza os problemas, só enquista as pessoas nas suas posições e<br />

preconceitos e é tão condenável como o é hoje a atitude básica da extrema- -direita francesa de LE<br />

PEN ou dos skinheads portugueses], que muitos praticam em relação à juventude, diz aquele primeiro<br />

editorialista, em entrevista publicada neste último número do mesmo jornal, sob o título O império da<br />

vulgaridade: «(...) Na altura, saíram muitas pessoas em defesa dos jovens. Por exemplo, o jornalista<br />

JORGE SCHNITZER disse, num depoimento <strong>ao</strong> Público, que eu tinha traído e que insultava a<br />

juventude da minha geração. São pessoas que têm problemas de esquerda mal resolvidos. Os sociólogos<br />

e psicólogos defenderam que tudo era compreensível. Mas concordamos com aquilo que foi feito ? Há<br />

quase uma reverência em relação à juventude. Quando eu era jovem acharia patético um adulto<br />

subserviente. É politicamente incorrecto atacar a juventude. Se dizemos alguma coisa contra ela, é<br />

porque somos reaccionários. Havia uma atitude inquisitorial do politicamente correcto. Até o DANIEL<br />

SAMPAIO, que é uma pessoa inteligente, surgiu com uma atitude compreensiva. <strong>Um</strong> olhar demasiado<br />

compreensivo e desculpabilizador».]<br />

Aliás, quanto a este ponto, nós diremos até mesmo mais: é que estes não são apenas «problemas» ou<br />

«complexos» políticos ou meramente ideológicos «mal resolvidos»; são verdadeiros «complexos<br />

psico-lógicos e existenciais», com várias vertentes, que cabe clarificar e trazer à consciência.<br />

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