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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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Veja-se, sobre esta última Visão Tripartida da Personalidade, o esclarecedor pequeno trabalho de<br />

LUÍS AGUILAR, intitulado Análise Transaccional—Guia Prático para o Auto-Conhecimento, Edição de<br />

Laboratorium—Centro de Investigação e Formação para o Desenvolvimento da Pessoa, Quarteira-Algarve,<br />

1992 e 1995.<br />

d) — Embora com as devidas cautelas que sempre devem acompanhar estas transposições de planos e<br />

estas analogias, não resistimos a ex-trapolar já para o nível social, político e civilizacional da Humani-<br />

dade, aquela visão já clássica de FREUD, acima referida, e a perspectivar — com isto fazendo nós, desde<br />

já, uma pragmática «concessão ideológica» <strong>ao</strong> pensamento político dominante, que não prescinde destas<br />

categorias, de origem revolucionária francesa, e que insiste em compartimentar toda a realidade política,<br />

social, económica, cultural e até mesmo humana no espartilho <strong>deste</strong> par de categorias: à Esquerda<br />

interessa, existencial e ideologicamente, que exista uma Direita, ainda que apenas como «fantasma», para<br />

assim poder reforçar dialecticamente a sua identidade e se oferecer como «alternativa»; e a Direita, quando<br />

acontece que se afirma como tal, fá-lo apenas para mostrar que já não tem, ou que superou, os seus<br />

«complexos» de o ser — os sectores sociais e políticos usualmente qualificados de Direita (pelo menos,<br />

aquela parte da Humanidade mais censória, autoritária, repressiva e punitiva) — como representando o<br />

Super-Eu estrito da sociedade.<br />

E os sectores sociais e políticos usualmente qualificados de Esquerda (pelo menos, a Esquerda<br />

dominante no século XX: comunista, socialista, anarquista, jacobina, igualitarista, feminista, ecologista,<br />

festiva e radical-democrática) — como representando o Id pulsional e infantil da sociedade, só feito de<br />

desejos, apetites e reivindicações e alheio a qualquer estruturante Princípio da Realidade — no que se<br />

revela a sua Imaturidade Humana.<br />

Por vezes, nos sectores mais ortodoxos e autoritários da Esquerda (como nos partidos estalinistas e<br />

revolucionários) — a posição inverte-se e a Esquerda passa a ocupar a posição do Super-Eu censório, hi-<br />

percrítico, hiper-moralista, da Utopia Negativa cristalizada em dogmas e verdades absolutas e imperativas<br />

e na busca da «Sociedade Perfeita» ...<br />

Também aqui, como no plano individual-pessoal, as posições mais racionais, razoáveis e equilibra-<br />

das, ou mais adultas e maduras, estruturam-se de acordo com o Princípio da Realidade freudiano e cor-<br />

respondem <strong>ao</strong> Ego-da-realidade ⎯ <strong>ao</strong> «Self», em sentido próprio... ⎯, ou à parte mais adulta e emanci-<br />

pada da Humanidade, entre os dois extremos assinalados.<br />

[<strong>Um</strong> honesto reconhecimento «implícito» (apesar de «explicitamente» dizer justamente o contrário)<br />

das aporias, ambiguidades, contradições, equívocos e paradoxos que, hoje mais do que nunca, são<br />

implicados pela «catalogação» política binária, maniqueísta e redutora de «Esquerda/Direita» — que se<br />

mostra cada vez mais inoperacional e obsoleta, mas que não deixa de postular, desde logo, a existência de<br />

verdadeiras «essências», porventura fenomenologicamente captáveis, para cada uma dessas categorias; que<br />

pressupõe que essas «essências» sejam fixas, idênticas, imutáveis e unívocas no seu sentido; que é, afinal,<br />

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