20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

2 - <strong>Um</strong>a «Visão Sistémica».<br />

<strong>Um</strong>a Visão Sociológica Possível das Sociedades Modernas é aquela que se inspira na ideia de Sistema<br />

Social, originalmente posta em relêvo por TALCOTT PARSONS.<br />

a) — O paradigma para a compreensão da Sociedade Moderna de, por exemplo, um NIKLAS LUH-<br />

MANN, em que a reflexividade, a complexidade e a diferenciação funcional são as características<br />

marcantes do Sistema Social e em que a evolução é contingência e indeterminação (ou concebida<br />

como uma «crescente improbabilidade de estados»), tem a vantagem não despicienda de<br />

dessubstancializar e desmaterializar o social e a sociedade que, para o «Materialismo» Dialéctico e<br />

Histórico Marxista e seus derivados Socialistas e para certas concepções organicistas reaccionárias,<br />

são pensados de um modo «substantivo» e «essencialista», como um «em si» cheio e compacto,<br />

possuidor de ser (o chamado «ser social»...), de substância e de materialidade.<br />

Mas, na perspectiva da Sociedade Moderna, como salienta o próprio LUHMANN, em entrevista pu-<br />

blicada na revista Risco, nº. 5, da Primavera de 1987, «... verifica-se a impossibilidade de reter noções<br />

como “ontológico”, “ser”, neste novo quadro que é o da Sociedade Moderna».<br />

Assim, a Sociedade é compreendida como um altamente complexo Sistema (no sentido da «Teoria<br />

Geral dos Sistemas»), funcionalmente diferenciado, auto-referencial e auto-reflexivo, desprovido de<br />

Centro, «... um sistema que se autoprocessa e se auto-adapta, nos termos de uma lógica de<br />

contingência e indeterminação» — cfr. JOSÉ LAMEGO, A sociedade sem «Centro»: Instituições e<br />

Governabilidade em Niklas Luhmann, local acima citado, pág. 30.<br />

Ou ainda:<br />

«A análise sistémica vê a realidade social como um nexo de relações sistema/ambiente, aberto a<br />

possibilidades infinitas; o sistema, como sistema de comunicação entre papéis — a sociedade é<br />

“comunicação”; a evolução do sistema — a sua crescente complexidade — é concebida em termos<br />

“auto- -referenciais”, conexionando-se, assim, a questão das condições de constituição do sistema<br />

com a sua “autonomia”. A lógica do sistema é continuamente referida à complexidade que se<br />

autoconstitui entropicamente no próprio sistema. O sistema social não assenta em acções referidas <strong>ao</strong><br />

indivíduo e às sua intenções-motivações — como no individualismo metodológico de WEBER —, mas<br />

distribui-se em vários sub-sistemas (económico, político, jurídico, etc.), cifra-se num nexo de relações<br />

sistema/ambiente, governado por uma lei de “variedade necessária”, ou seja, de que o sistema tem<br />

tantas mais aptidões para se estabilizar, realizando o objectivo da sua própria sobrevivência, quanto<br />

mais puder reagir <strong>ao</strong> acréscimo de complexidade do ambiente com respostas diferenciadas» (idem,<br />

ibidem).<br />

231

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!