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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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O interesse político de uma fantasia tão partilhada resulta de ela atravessar, como reveladora, as<br />

complexas e, às vezes, fetichistas relações dos políticos com o “Poder”. É que nela e por ela se contém a<br />

“dimensão identitária”, garantida por um “Casal Real”, uma família, ou seja, um “ponto de legitimidade”<br />

vivo (sexual, generativo e transmissível). Este “ponto fixo” viabilizou, por exemplo, em Espanha, a<br />

passagem do Franquismo à Democracia e garante, a Marrocos, pela indiscutível presença do jovem Rei,<br />

apesar das massas ameaçadas pelo integrismo, o “Círculo Identitário” que contém os conflitos.<br />

O que nos aparece assim, na “Dobra” entre realidade/fantasia, é da ordem do questionamento de<br />

muita da política contemporânea, reduzida, por vezes, <strong>ao</strong> registo empobrecedor da “técnica” ou de um<br />

“trabalho” como qualquer outro. Deste modo, os indivíduos que se propõem à “Nobre Arte” de “Gover-<br />

nar”, autodestituem-se do “Capital Simbólico”. O “lugar” deixado livre no imaginário colectivo, ou<br />

seja, a fundamentação primeira do “Poder”, pode, assim, ser ocupado pela “Fantasia Popular” (aliás,<br />

“Príncipe” provém, etimològicamente, de “Primeiro” = “Princeps”).<br />

A legitimidade do “Poder” parece, assim, requerer uma “Outra” Legitimação, a qual parece reme-<br />

ter à “Graça”, pela qual o líder fornece o que a “Realidade” não dá, ou seja: “Identidade”. O resultado,<br />

que nos atreveríamos a colocar num “para além” da questão “Monarquia/República”, parece reenviar-nos<br />

<strong>ao</strong> fantasma de uma “Família Real”, como suporte psíquico. Fantástico protesto contra a tecnologia po-<br />

lítica e o subsequente ambiente paranóide, onde Peritos, Ministros e Conselheiros parecem, às vezes,<br />

querer jogar o jogo imitativo dos “Monarcas”, frequentemente, sem gozo e sem êxito ... ».<br />

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