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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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Dialéctica, © 1949, Presses Universitaires de France, passim — não tinha já sido descrito desde, pelo<br />

menos, HEGEL ...?] é tão básico que seria difícil acreditar que fui eu o primeiro a descobri-lo. A verdade é<br />

que não fui. A reflexividade é, simplesmente, um rótulo novo para a interacção pensamento-realidade, que<br />

se encontra profundamente enraizada no nosso senso comum. Se procurarmos, fora do domínio das ciências<br />

sociais, encontraremos largamente difundida a consciência da existência da reflexividade. As previsões do<br />

oráculo de Delfos eram reflexivas, e o mesmo acontecia com o drama grego. Mesmo nas ciências sociais,<br />

há, de vez em quando, quem a reconheça: MAQUIAVEL introduziu um elemento de indeterminação na sua<br />

análise e chamou-lhe destino; THOMAS MERTON prestou atenção às profecias que se cumpriam e <strong>ao</strong><br />

efeito de arrastamento; e, na sociologia, ALFRED SCHUTZ introduziu um conceito afim da subjectividade,<br />

a que chamou “intersubjectividade”. (...) Não quero que se pense que estou a discutir um fenómeno<br />

misterioso. Sim, há certos aspectos das questões humanas que não têm sido tomados na devida conta, mas<br />

isso não acontece porque a reflexividade tenha acabado de ser descoberta, mas porque as ciências sociais<br />

em geral e a economia em particular se esforçaram <strong>ao</strong> máximo por a encobrir».<br />

E mais adiante (pág. 29 e segs.), diz ainda o mesmo autor:<br />

«(...) Infelizmente, estamos uma vez mais em vias de tirar as conclusões erradas das lições da história.<br />

Desta vez o perigo não vem do comunismo, mas do fundamentalismo de mercado. O comunismo aboliu o<br />

mecanismo de mercado e impôs o controle colectivo das actividades económicas. O fundamentalismo de<br />

mercado procura abolir o processo de tomadas de decisão colectivas e impor a supremacia dos valores de<br />

mercado sobre todos os valores sociais e políticos. Os dois extremos estão errados. O que necessitamos é<br />

de um equilíbrio correcto entre políticas e mercados, entre a definição das regras e uma acção de acordo<br />

com elas».<br />

«(...) Quero tornar claro que não pretendo abolir o capitalismo. Apesar dos seus defeitos, é melhor<br />

do que as alternativas. Em vez disso, quero evitar que o sistema capitalista global se autodestrua.. Para<br />

atingir esse objectivo precisamos, mais do que nunca, do conceito de sociedade aberta».<br />

E pode ainda <strong>ler</strong>-se a págs. 77 da mesma obra:<br />

«(...) Estou pronto para generalizar a partir a minha experiência pessoal e para admitir que os valores<br />

postulados pela teoria económica são, de facto, relevantes para as actividades económicas em geral e para<br />

o comportamento dos participantes do mercado em particular. A generalização justifica-se porque os<br />

participantes do mercado que não se regem por estes valores sujeitam-se a ser eliminados e reduzidos à sua<br />

insignificância pelas pressões da concorrência.<br />

Pela mesma razão, a actividade económica representa apenas uma faceta da existência humana.<br />

Muito importante, sem dúvida, mas há outros aspectos que não podem ser ignorados. Para fins imediatos,<br />

distingo as esferas económica, política, social e individual, mas não pretendo atribuir grande importância a<br />

estas categorias. Facilmente se introduziriam outras. Podia, por exemplo, mencionar a pressão dos rivais, a<br />

influência da família ou a opinião pública; mas também podia distinguir entre o sagrado e o profano. O<br />

ponto <strong>ao</strong>nde pretendo chegar é que o comportamento económico é apenas um tipo de comportamento e<br />

que os valores que a teoria económica toma como dados adquiridos não são os únicos que predominam na<br />

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