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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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E é também, por isso, neste sentido que se poderá dizer que «Amar» não é tecer toda aquela comple-<br />

xa Teia de Amarras Afectivas com que, possessivamente, procuramos «prender» os outros a nós — mas<br />

sim que, verdadeiramente, Amar é Dar Liberdade..., é Deixar-Ser..., é Deixar-ir...<br />

É, por exemplo, o que se passa com os Pais que, chegada a devida hora, devem deixar os seus filhos<br />

seguir a sua vida em liberdade, em vez de teimarem em amarrá-los — suposto que haja, naqueles, aquilo a<br />

que se pode chamar o Amor-Confiança.<br />

seguinte:<br />

Por isso que, «Ninguém é Dono de Ninguém» !!!<br />

Por isso, também, pôde dizer, no seu tempo, JOHN STUART MILL (Londres, 1806/Avinhão, 1873) o<br />

«A única liberdade digna desse nome é a de buscarmos o nosso próprio bem pelo nosso próprio<br />

caminho, na medida em que não privemos os outros do seu bem nem os impeçamos de se esforçarem<br />

por consegui-lo. Cada um de nós é o guardião natural da sua própria saúde, seja esta física, mental ou<br />

espiritual. A humanidade ganha mais consentindo a cada qual viver à sua maneira do que obrigando-o a<br />

viver à maneira dos demais» — On Liberty, 1859.<br />

Não obstante o que ficou dito, para nós, contudo, apesar, antes, ou justamente por causa de tudo isto, a<br />

Liberdade é um problema eminentemente «pessoal»: o problema íntimamente pessoal, interior e rigoro-<br />

samente intrapsíquico da libertação, superação, remoção, estabilização ou pacificação da ansiedade ou<br />

angústia, psicológicas e existenciais, radicadas no nosso ser-mais-próprio e mais profundo — para que<br />

sejam possíveis a disponibilidade humana interior e a transparência/visibilidade proporcionadas pela<br />

«Ex--posição» e a «Abertura» ontológicas de que, mais atrás, nos falou HEIDEGGER — problema esse<br />

que só a pessoa mesma, na sua interioridade psíquica e existencial pode resolver, Intrapsìquicamente —<br />

o que nem sempre é possível e requer, por vezes, uma exterior «Intervenção» ou «Ajuda» terapêuticas<br />

(medicamentosas), ou Psicanalíticas (Talking Cure).<br />

Isto é: a Liberdade é, antes do mais, a possibilidade de preservação, no seio mesmo da «Realidade»,<br />

de um «Espaço Interior Livre», o qual possibilite que o «Sujeito», sem «ignorar» essa mesma «Realida-<br />

de», possa contudo manter, em relação a ela, uma mínima, mas necessária e suficiente, «Distanciação» e<br />

«Não-Identificação Fusional» (que o reduziria à condição de «Coisa-entre-Coisas»), possibilitando-lhe,<br />

pelo menos, «Acompanhar» o evoluir dinâmico dessa «Realidade» — mas também, no possível,<br />

constantemente a Transcendendo, ou a Superando, ou a Ultrapassando, para um «Mais Além» («Hori-<br />

zonte») dela mesma...<br />

Por isso compreendemos também a Pessoa Humana e o seu Mais Íntimo «Ser», como sendo funda-<br />

mentalmente o de uma «Ordem Interna» (mais do que uma «substantia», no sentido clássico), composta de<br />

diversas «partes» (o que os psicanalistas chamam de «objectos internos»: imaginis, afectos, memórias,<br />

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