20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

os «gambosinos», em que todos acreditam, mas que ninguém sabe exactamente o que seja... —<br />

sobretudo quando esse conceito é usado, sem inocência de resto, pela hierarquia católica, para<br />

combater a liberdade económica e a economia de mercado, ou o que, com a Esquerda, gostam de<br />

alardear como sendo o «capitalismo selvagem», que, como é óbvio, é coisa que... nem sequer existe em<br />

Portugal !<br />

Isto porque, em Portugal, hoje mais do que nunca, o conservadorismo moral e o hiper-moralismo dos<br />

católicos (de todo alheios às exigências da realidade), numa curiosa convergência prática com a<br />

ideologia dos socialistas e dos comunistas (e com todo o pós-modernismo de Esquerda actual, que,<br />

sob o disfarce de novas roupagens aliciantes e «simpáticas», traz de volta a mesma reacção anti-liberal<br />

dos socialistas e dos comunistas <strong>ao</strong> liberalismo, como verdadeira teoria política típica da<br />

Modernidade, à herança moderna em geral e à estrutura económico-social do mercado), traduz-se,<br />

com estes, no mais primário reaccionarismo social, cultural e civilizacional.<br />

Este reaccionarismo tem expressão visível, não só nos mais variados <strong>texto</strong>s doutrinários publicados nos<br />

mais diversos locais, como nas posições públicas dos representantes institucionais da Igreja Católica,<br />

como ainda nas posições avulsas dos mais variados adeptos dessa confissão religiosa e cultural.<br />

Curiosamente, isto mesmo não deixa de ser, de algum modo, reconhecido por Frei BENTO<br />

DOMINGUES, O.P. que, no <strong>texto</strong> intitulado Da má reputação da moral, publicado no jornal Público de<br />

26 de Abril de 1998, depois de lucidamente dizer: «Fala-se do retorno da ética com a mesma ênfase com<br />

que se tem discutido o regresso ou as metamorfoses da religião. As interrogações recalcadas não<br />

morrem. O delírio de tudo reduzir à política passou. Hoje, o mais crucial é a questão do sentido (...)»<br />

— este último itálico é nosso.<br />

Mas, mais adiante, diz também:<br />

«(...) Frei MATEUS CARDOSO PERES fez, no passado dia 17, uma conferência no Centro Cultural<br />

Dominicano com o título significativo: “Da má reputação da moral”. Já PAUL CLAUDEL teria dito:<br />

“Evidentemente amamos CRISTO, mas nada no mundo nos fará amar a moral”. Segundo CHARLES<br />

PÉGUY, “o moralismo torna-nos impermeáveis <strong>ao</strong> Espírito Santo”. Frei MATEUS percorreu, com<br />

muito humor, um dos itinerários mais curiosos da Igreja nos últimos 30 anos. Resumo por minha conta:<br />

a concepção moral apresentada <strong>ao</strong> Concílio Vaticano II pela comissão doutrinal preparatória foi<br />

rotundamente rejeitada. Essa moral, dogmática e autoritária, merecia a má fama que lhe atribuíram.<br />

O concílio apontou as orientações a que devia obedecer a renovação da teologia moral. Acontece que as<br />

teologias elaboradas a partir dessas recomendações estão sempre sob o fogo das autoridades<br />

romanas. Em nome de quê ? Em nome das concepções que o concílio rejeitou.(...)».<br />

De resto, o reaccionarismo moral e cultural dos católicos e da hierarquia católica portugueses (a sua<br />

pré-modernidade, ou melhor, a sua anti-modernidade, que tem sido o mais relevante factor cultural<br />

320

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!