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Convém ponderar cuidadosa e fundamentadamente as escolhas a fazer» — os bold são nossos.
E é ainda na mesma Revista, «NOVA CIDADANIA», mas no seu Número 4., da Primavera/2 000, a
págs. 53 e seguintes, que encontramos uma vigorosa e consistente «crítica» ao «fenómeno difuso», agora
«na moda», que se pode identificar pelo nome de «Multiculturalismo», feita por JOHN O’ SULLIVAN,
num artigo sob o título: A Próxima Grande Ameaça à Democracia Liberal — logo seguido desta curta
síntese de advertência: «Uma aderência rigorosa ao multiculturalismo destrói, pouco a pouco, toda a
essência do nosso dia-a-dia e ameaça até o Estado-Nação e a Democracia Liberal».
Como explica este Autor, o auto-denominado «Multiculturalismo» — «... propõe-se “redefinir” a
democracia e fazê-lo de forma radical. Este desafio é o chamado multiculturalismo».
E acrescenta: «(...) É uma tentativa de substituir o sistema de democracia liberal, baseado em
cidadãos individuais que operam através de organizações voluntárias, por um sistema de democracia
cultural, no qual as unidades fundamentais são os povos, os grupos étnicos e os blocos culturais distintos,
com os seus próprios pontos de vista, valores, histórias patrimónios e línguas.
O multiculturalismo ainda não encontrou o seu MARX; as suas principais doutrinas estão distribuídas
em discursos, programas, jornais legais e livros. No entanto, existe uma lista dos seus principais ideais, que
surgiu na América, onde o multiculturalismo está já bastante desenvolvido, na teoria, como na prática: (...)»
— e, de seguida, o Autor enumera, em forma de síntese, alguns «pontos nodais», ou «núcleos ideativos»,
próprios desta recente «ideologia» reaccionária, tribalística e profundamente «regressiva», claramente
«de Esquerda».
Não deixando, todavia, de acrescentar:
«(...) Através do seu impacte na política, o multiculturalismo debilita sistematicamente as institui-
ções da democracia liberal. Negando a legitimidade do Estado-Nação, debilita o único governo existen-
te, no qual a democracia se desenvolve, sem prescrever um sistema legislador internacional, responsável
perante o povo e os povos. Reivindicando que uma cultura comum nacional é opressiva para as minorias,
nega-se a possibilidade de existência de uma comunidade nacional, em que se englobam as pessoas de
etnias e antecedentes culturais diferentes, que podem compreender-se umas às outras, num debate polí-
tico livre. Afirmando que a regra da maioria é obsoleta, ataca-se o âmago da democracia liberal, com base
na falsa ideia de que as minorias estão destinadas a ficar eternamente fora do Poder. (...)».
E, em jeito de quase-conclusão:
«(...) O multiculturalismo parece-se, por vezes, com esta lógica [referira-se, o Autor, antes, à
problemática da “partilha do poder étnico” ocorrida, ou suscistada, por exemplo, no Líbano e na Irlanda
do Norte...] rebobinada ao contrário. Os problemas que podem justificar a partilha do poder étnico não são
propriamente dominantes nas prósperas democracias ocidentais, mas o multiculturalismo promete agudi-
zar esses problemas da melhor forma possível. Em particular, procura dividir os cidadãos das democra-
cias ocidentais em culturas inumeráveis e noutros grupos, propondo uma variedade de políticas consci-
entes da existência do grupo, desde a educação bilingue aos contingentes étnicos. Isto teve algum efeito,
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