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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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constrangimentos do passado. A dependência aparece quando a escolha, que devia ser provocada pela<br />

autonomia, é subvertida pela angústia. Na tradição, o passado determina o presente através da<br />

partilha de sentimentos e crenças colectivas. A dependência também é serva do passado, mas só na<br />

medida em que não consegue romper com hábitos de vida que começaram por ser escolhidos<br />

livremente.<br />

À medida que a tradição e os costumes se afundam à escala mundial, a própria base da nossa<br />

identidade — a consciência de quem somos — altera-se. Em situações mais tradicionais, a<br />

consciência de quem somos é em grande parte sustentada pela estabilidade do estatuto social que os<br />

indivíduoa ocupam na comunidade. Onde a tradição falha, e onde prevalece a escolha dos hábitos de<br />

vida, a consciência individual não é isenta. A identidade própria tem de ser criada e recriada numa<br />

base mais viva do que antes. Isto explica a razão por que as terapias e as consultas de todos os géneros<br />

se tornaram tão populares nos países do Ocidente. Quando criou a psicanálise moderna, FREUD pensou<br />

que tinha descoberto um tratamento científico para as neuroses. Na realidade, o que fez foi construir um<br />

método de renovação da própria identidade, nas primeiras fases de uma cultura entregue a um processo<br />

de negação das tradições.<br />

Ao cabo e <strong>ao</strong> resto, o que acontece na Psicanálise é que o indivíduo volta <strong>ao</strong> passado para poder<br />

dispor de mais autonomia no futuro. <strong>Um</strong> método muito semelhante <strong>ao</strong> usado pelos grupos de ajuda<br />

mútua que se tornaram tão comuns nas sociedades ocidentais. Nas reuniões dos Alcoólicos Anónimos,<br />

por exemplo, os indivíduos recordam a história das suas vidas, e os seus desejos de mudança são<br />

apoiados pelos outros participantes. No essencial, recuperam da dependência através de uma nova<br />

escrita da história das suas vidas» — os Bold são, obviamente, nossos.<br />

Esta forma primeira de Liberdade (Negativa) ⎯ a que, por enquanto, nos vimos referindo ... ⎯ é<br />

sempre prévia e prioritária em relação a (e «condição de...», ou verdadeiramente, Conditio Sine Qua<br />

Non..., embora, porventura, não inteiramente «suficiente»..., de...) quaisquer<br />

Liberdade e é concebida (no Mínimo) como Ausência de<br />

Coerção<br />

por<br />

«Outras»<br />

formas de<br />

Outrém,<br />

ou por <strong>Um</strong>a<br />

Autoridade, e «direito» a um «Espaço» ou «Domínio» Próprios, de Absoluta «Não-Interferência»<br />

pelos «Outros», ou pela «Autoridade», na «Subjectividade» (em rigoroso «sentido Antropológico»...)<br />

e «Intimidade» Próprias.<br />

Aliás, como: «Independência em relação à “Vontade Arbitrária” de “Outrém”» — como, logo e la-<br />

pidarmente, o disse JOHN LOCKE: veja-se o curto Texto <strong>deste</strong> Autor reproduzido logo no início <strong>deste</strong><br />

mesmo Livro — e, já só por isso, também, Possibilidade de... «Espontaneidade», «Criatividade» e<br />

«Inova-ção»...<br />

Implica certos «direitos» ⎯ como, desde logo, o de uma Radical «Incomunicabilidade» e «Silêncio»<br />

(o «direito de Não Falar...», ou o «direito <strong>ao</strong> Mutismo...»), o direito de Resistência, o direito de Não-<br />

-Participação, o direito de Insurreição Legítima, o direito <strong>ao</strong> Corpo e à Auto-Posse e o direito de<br />

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