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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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espeitar uma obrigação de consistência dentro do que é esse corpo de conhecimento. <strong>Um</strong> empresário<br />

está subordinado às avaliações dos mercados e dos operadores especializados. Na política, onde não há<br />

limites para a estupidez, para a maldade e para a ilusão, nenhuma destas defesas automáticas existe, e<br />

é por isso que a responsabilidade do político é diferente de todas as outras responsabilidades<br />

associadas a actividades humanas» — os bold são nossos. O Autor prossegue esse <strong>texto</strong> com o<br />

prolongamento desta tese nas consequências nefastas da «acepção medíocre da política» em que o<br />

político sem sentido de responsabilidade se assemelha <strong>ao</strong> patinador: «...no plano e a descer, tudo vai<br />

bem; mas quando se trata de subir, já não é com ele».<br />

D) — Sobre a utilidade e a pertinência de uma distinção de níveis sociais nas sociedades<br />

contemporâneas de que fazemos parte, veja-se também a sugestão de LOUIS DUMONT, Ensaios sobre<br />

o individualismo..., já citado, quando contrasta os dois princípios a priori incompatíveis do<br />

individualismo universalista moderno (sociedade = gesellschaft) e do holismo comunitário<br />

tradicional e não-moderno (comunidade = gemeinschaft) e propõe um modelo segundo uma<br />

combinação hierárquica complexa dos dois princípios inspirada em LEIBNIZ.<br />

Como diz este último autor:<br />

«(...) Aperceber-nos-emos sem dúvida a longo prazo de que a solução consiste em dar a um e a outro dos<br />

dois princípios opostos o seu campo legítimo de supremacia do ponto de vista moderno, com o<br />

individualismo a reinar, mas consentindo em subordinar-se em domínios subordinados. Teremos pois<br />

que distinguir níveis, talvez em grande número, mutatis mutandis como acima fizemos, ou como era o<br />

caso na cidade antiga. A complicação será grande, para a consciência individual em primeiro lugar e por<br />

certo que também nas instituições — como poderia isso surpreender-nos ? —, mas as colisões maiores<br />

serão superadas. <strong>Um</strong>a análise suficiente da sociedade actual mostraria de resto que semelhante inversão<br />

de valores se encontra implícita na prática: como TÖENNIES sabia, Gemmeinschaft e Gesellschaft<br />

encontram-se alternadamente presentes no vivido. Bastaria por conseguinte que esta inversão se<br />

tornasse consciente sob uma forma hierárquica e se generalizasse. Progresso decisivo, e difícil, da<br />

consciência comum, para o qual a antropologia terá contribuído a seu modo».<br />

Ou como o diz ainda FRANCIS FUKUYAMA no seu <strong>livro</strong> mais recente (Cfr. Confiança: Valores<br />

Sociais & Criação de Prosperidade, citado na bibliografia anexa, 1996, pág. 23):<br />

«A democracia liberal que emerge no fim da história não é, assim, totalmente “moderna”. Isto é, para<br />

que as instituições da democracia e do capitalismo possam funcionar bem terão de coexistir com alguns<br />

hábitos culturais pré-modernos que garantem a eficácia desse próprio funcionamento. A lei, o<br />

contrato e a racionalidade económica fornecem uma base necessária, mas não suficiente, para a<br />

prosperidade e a estabilidade das sociedades pós-industrializadas; terão de ser fermentados com a<br />

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