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1988. «Ensaiando» uma «infeliz» tentativa de «síntese» (meramente «ideológica»...), da Biologia com
o Marxismo (ou: «en-saiando» uma «crítica» à «sociobiologia» do ponto de vista ideológico-político
«marxista»), veja-se: R.C. LEWONTIN, STEVEN ROSE & LEON J. KAMIN, Genética e Política, ©
dos Autores, 1984 e Publica-ções Europa-América, Ldª., 1987.].
[Vem a propósito esclarecer que não pode também deixar de ser na mesma linha de compreensão que
incluímos fenómenos como, por exemplo, a homosexualidade, masculina e/ou feminina (neste último
caso designada como lesbianismo), que, tal como de resto a bisexualidade e a própria
heterosexualidade, senão, afinal, a generalidade dos comportamentos humanos, só podemos
compreender como o resultado simultâ-neo tanto de «tendências» naturais inatas predisponentes,
geneticamente herdadas — que constituem o património hereditário do tal hardware ou «programa
aberto» a que se referia KONRAD LORENZ —, como de «influências» socio-ambientais adquiridas e
àquelas sobrepostas durante o desenvolvimento, sobretudo precoce, da personalidade, podendo
variar, conforme os casos individuais, a «medida» de cada uma dessas duas componentes — e não
apenas como uma «absoluta» e «incondicionada» liberdade prefe-rencial de «opção» na orientação
comportamental, «consciente» e «racionalmente» pensada e decidida, como por vezes se pretende
apresentar a homosexualidade, para se lhe conferir uma maior respeitabilidade e aceitação sociais,
sobretudo para uma mentalidade «moderno-cartesiana», que valoriza e respeita melhor os aspectos
«conscientes» e «racionais» —, tudo isto apesar da maior «condescendência» social e mesmo clínica,
mais recente, e de, ao que nos parece, essa «condescendência» sempre ter sido, na nossa cultura, mais
flexível e tolerante, ou então simplesmente «indiferente», para com o lesbianismo.
Pelo que, sem que deixe de subsistir um qualquer indispensável padrão cultural-normativo referente
central de «normalidade dos comportamentos», nem se cair no puro e absoluto «relativismo
comportamen-tal», ou tentar falaciosamente rebaixar aquela indispensável normatividade cultural de
«normalidade dos comportamentos» ao nível da mera normalidade estatística dos mesmos, todavia as
«fronteiras» desse padrão normativo, ou as suas «linhas delimitativas», se tornarão agora, à luz do
progressivo reconheci-mento científico e cultural, que se tem vindo a adquirir, sobre a enorme
«plasticidade», «variabilidade» e «polivalência» da sexualidade e dos comportamentos humanos em
geral, muito mais difusas, fluidas e elásticas — o que explica as mais fáceis «tolerância» e
«compreensão» (nem que seja sob a forma «radical» da simples indiferença, a que se refere JOHN
GRAY e que, quanto a nós, não podemos deixar de subscrever inteiramente, justamente nestes casos,
quando estamos perante «valores», «escolhas» ou «tendências» incomensuráveis, no âmbito do por ele
chamado «intratável pluralismo» dos nossos dias) de que, hoje, a homosexualidade, como outros
comportamentos humanos antes considerados mais «atípicos», ou «desviantes», não podem deixar de
beneficiar.
Sobre a homosexualidade e o sexo, veja-se, o GRANDE DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO EDICLU-
BE, 1996, respectivamente, Volume X, pág. 3 246, e Volume XVI, pág. 5 679 — onde se considera a
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