20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

«(...) É claro que ninguém pode objectar à ideia de se estudarem outras culturas de uma forma séria e<br />

numa sociedade liberal é uma necessidade evidente aprender a to<strong>ler</strong>ar pessoas que são diferentes de nós.<br />

É, no entanto, muito diferente defender que os Estados Unidos nunca tiveram uma cultura dominante<br />

própria ou que, em alternativa, não deviam ter tido, por uma questão de princípio, uma cultura<br />

dominante à qual pudessem assimilar-se os diversos grupos. Como já provámos neste <strong>livro</strong>, a<br />

capacidade de as pessoas manterem, de forma generalizada, uma “linguagem do bem e do mal” é<br />

essencial à criação da confian-ça, do capital social e de todas as outras consequências económicas<br />

positivas que fluem <strong>deste</strong>s atribu-tos. Embora a diversidade possa também trazer benefícios<br />

económicos reais, a verdade é que a partir de um certo ponto acaba por erigir novas barreiras à<br />

comunicação a à cooperação, com consequências económi-cas e políticas potencialmente<br />

devastadoras».<br />

E quanto às propaladas vantagens da diversidade étnica, no âmbito de uma mesma comunidade, o<br />

mesmo autor conclui, mais à frente, mesmo para o âmbito de uma comunidade alargada, como os<br />

E.U.A.:<br />

«(...) Nestes termos, sabendo-se embora que a diversidade pode constituir um tónico revigorante pa-ra<br />

uma sociedade, melhor é tomá-lo a conta-gotas do que em doses reforçadas. É que é relativamente<br />

fácil uma sociedade atingir um grau de diversidade tal que as pessoas não só se mostrem incapazes de<br />

partilhar valores e aspirações superiores, como revelem a sua inaptidão para falarem uma mesma<br />

língua. Num con<strong>texto</strong> <strong>deste</strong>s, as possibilidades de sociabilidade espontânea tendem a concretizar-se<br />

apenas no seio dos espaços de clivagem estabelecidos pela raça, pela etnicidade, pela língua e por<br />

outros factores congéneres. Se se pretende alcançar um sentido comunitário mais vasto, é necessário<br />

que a etnicidade seja contrabalançada por uma assimilação feita através de medidas educativas e de<br />

implementação da língua».<br />

Explicitando também, por outro lado, alguns princípios relativos à integração das comunidades ciga-<br />

nas, em Portugal, veja-se a entrevista do insuspeito PEDRO BACELAR DE VASCONCELOS dada a<br />

FRANCISCO CAMACHO, na revista Grande Reportagem, nº. 76, Ano VIII, 2ª. Série, de Julho de<br />

1997, sob a epígrafe Já não há heróis.<br />

Dizendo, designadamente:<br />

«(...) Os ciganos não podem ser excluídos da protecção das leis mas também não podem ser<br />

dispensados de as cumprir. O que é que continua a acontecer ? Por detrás de alguma indulgência<br />

relativamente a práticas habituais dos ciganos, não se lhes reconhece o estatuto pleno de cidadania.<br />

Não lhes reconhecemos o direito à educação e à saúde <strong>ao</strong> mesmo tempo que viramos a cara para o<br />

lado quando vemos um cigano a conduzir sem carta. Os ciganos têm uma espécie de estatuto de<br />

zombies. Negligencia-se para evitar problemas maiores».<br />

276

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!