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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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personalidade humana — o que significa do todo da mente de uma pessoa — o qual, como vimos, não<br />

podemos reduzir a algo diferente de si próprio.<br />

A conclusão, portanto, deve ser a de que para nós a mente deve permanecer para sempre um domínio<br />

de si própria, que nós podemos conhecer apenas através da sua directa experiência, mas que nunca<br />

seremos capazes completamente de explicar ou de «reduzir» a algo. Mesmo que possamos saber que<br />

os eventos mentais do género dos que experienciamos podem ser produzidos pelas mesmas forças que<br />

operam no resto da natureza, nunca seremos capazes de dizer quais são os particulares eventos físicos<br />

que «correspondem» a um particular evento mental.<br />

e) — Diz HAYEK, ainda:<br />

«(...) É geralmente tido por certo que, em certo sentido, a experiência consciente constitui o “mais alto”<br />

nível na hierarquia dos eventos mentais, e que o que não é consciente permaneceu “sub-consciente”<br />

porque ainda não atingiu aquele nível. Não pode, é claro, haver dúvidas de que muitos processos<br />

neurais através dos quais os estímulos provocam acções se não tornam conscientes porque eles<br />

procedem literalmente de um muito baixo nível no sistema nervoso central. Mas isto não é<br />

justificação para se assumir que todos os eventos neurais que determinam a acção <strong>ao</strong>s quais não<br />

corresponde uma distinta experiência consciente sejam neste sentido sub-conscientes. Se a minha<br />

concepção é correcta de que regras abstractas, de que não estamos conscientes, determinam as<br />

“qualidades” sensoriais (e outras) que experienciamos conscientemente, isto significaria que não<br />

estamos conscientes de muito daquilo que acontece na nossa mente, não porque procede de um<br />

nível muito baixo, mas porque procede de um nível muito alto.<br />

Pareceria mais apropriado chamar a tais processos, não “sub-conscientes”, mas “super-conscientes”,<br />

porque eles governam os processos conscientes sem aparecer neles. (Nota: Não mencionei na minha<br />

exposição oral, e por isso não me alongarei aqui sobre, a óbvia relação de tudo isto com a concepção de<br />

KANT das categorias que governam o nosso pensamento — o que eu tenho por adquirido). Isto<br />

significaria que o que nós experienciamos conscientemente é apenas uma parte, ou o resultado, de<br />

processos dos quais não podemos ser conscientes, porque é apenas a classificação múltipla pela<br />

super-estrutura que assinala a um particular evento aquele lugar determinado numa ordem<br />

compreensiva, que faz dele um evento consciente (...)».<br />

E mais adiante:<br />

«(...) Posso talvez mencionar aqui o meu interesse por dois problemas aparentemente de todo diferentes,<br />

nomeadamente, o problema do que faz a acção observada de outras pessoas inteligível para nós, e o<br />

problema que significamos pela expressão “sentido de justiça”. (...) Neste con<strong>texto</strong>, fui levado às<br />

conclusões de que tanto a nossa capacidade para reconhecer as acções de outras pessoas como<br />

significativas, como a capacidade para julgar as nossas próprias acções ou as de outrém como justas<br />

ou injustas, devem estar baseadas na posse de regras altamente abstractas que governam as nossas<br />

acções, embora não estejamos conscientes da sua existência e muito menos sejamos capazes de as<br />

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