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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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mesmas Cultura e Espírito e, em última análise, para a estrutura mais propriamente social, cultural e<br />

comunitária e para a integridade e coesão do tecido social e a saúde moral de uma comunidade, uma<br />

«economia de mercado» sem limites ou barreiras de qualquer ordem; isto é, a «potencialidade<br />

destrutiva», para os tecidos sociais, culturais e morais das comunidades, das chamadas «forças<br />

descontroladas e não-limitadas do mercado» — o que obriga a procurar modos de obviar a esses<br />

«efeitos perversos», modos de reconstituir esses tecidos sociais e de restaurar essa integridade, coesão e<br />

saúde social, cultural e moral das comunidades, fomentando a sua coesão, a sua solidariedade, o seu<br />

equilíbrio, a integridade do seu sistema de valores, combatendo as desigualdades e desnivelamentos<br />

exagerados e gritantes (entre pessoas e povos) e os efeitos de «exclusão social» de alguns, etc. (veja-se,<br />

por exemplo, além de JOHN GRAY, sobretudo ANTHONY GIDDENS, entre outros) — tudo isto, no<br />

entanto, sem pôr, de facto, fundamentalmente em causa essa forma de economia, enquanto «dado da<br />

realidade global» hoje incontornável e uma essencial e indispensável ordem ou estrutura económico-social<br />

global das nossas sociedades contemporâneas...<br />

Coisa bem diferente é: umas vezes, porque ainda se vive segundo «esquemas mentais e conceptuais»<br />

de teorias económicas ultrapassadas e já mortas definitivamente (como o socialismo, o marxismo, o<br />

keynesianismo, etc.) e, portanto, se vê a realidade socio-económico contemporânea ainda segundo o prisma<br />

desses conceitos e teorias (nos sectores mais refractários à mudança e mais conservadores da Esquerda, por<br />

exemplo, sobretudo em Portugal), continuar-se a rejeitar essa forma de economia e esse «dado da<br />

realidade», como resultado de uma «cegueira dogmática» que nenhum argumento racional poderá remover;<br />

outras vezes, já mais comprensíveis, porque, em face daqueles «efeitos perversos e destrutivos» de que<br />

falámos acima (as chamadas «forças descontroladas e ilimitadas, ou não vinculadas, do capitalismo e do<br />

mercado»), se poder cometer o «erro intelectual» (para usarmos apenas de uma expressão cortês de<br />

HAYEK em relação <strong>ao</strong> socialismo...) de... «deitar fora o menino com a água do banho»!<br />

É uma atitude muito comum, sobretudo em já outros sectores da Esquerda também portuguesa (e<br />

também de muitos católicos de pendor mais esquerdizante — por exemplo, os que não deixam de <strong>fazer</strong><br />

flirt com a Teologia da Libertação, teoricamente comprometida com o marxismo —, quer individualmente,<br />

quer institucionalmente apoiados pelo já tradicional anti-liberalismo da Igreja Católica Romana, forte-<br />

mente vincado, nos nossos dias, pelo magistério conservador e into<strong>ler</strong>ante de JOÃO PAULO II), mas<br />

humanamente compreensível, dada a agudeza e urgência dos problemas: mas não deixa de ser, esta,<br />

afinal, uma atitude de desespêro, de precipitação, de impaciência, baseada numa fundamental<br />

incompreensão e deficiente percepção da essencial complexidade da realidade económico-social em que<br />

estamos hoje inseridos...<br />

É ainda, infelizmente, a atitude que, em Portugal, encontramos em tantos representantes de sectores de<br />

uma certa Esquerda, que fazem sempre questão de se começar por identificar como «de Esquerda» (falta<br />

saber que identidade escondida, íntima e misteriosa querem essas pessoas, afinal, «preservar» a todo o<br />

custo...), ainda que, em muitos delas, hoje, já não se saiba bem já o que isso é...<br />

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