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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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tornou-se um processo planetário mais subtil: Auschwitz em versão soft ! Até os mais atentos se deixam<br />

dominar. Quem tem ainda a coragem de pensar ? De ser inconformista ? A manipulação é (quase)<br />

perfeita.<br />

As gerações mais novas herdaram esta situação espiritual. Sem se aperceberem dos factores que a<br />

determinaram. Coube-lhes o vazio, sem lhes caber nem o “abanão” nem o protesto. O que não augura<br />

grande futuro (próximo).<br />

Agora já nem a pergunta sobre Deus é entendida. Hoje, o próprio nome “Deus” se tornou estranho<br />

⎯ para vastos sectores sociais e culturais. Tal como outros nomes: “razão”, “ideal”, “valor”, etc..<br />

Como se pertencessem a uma área linguística caída em desuso. É a era do indiferentismo.<br />

Respira-se uma atmosfera “cultural” que se mostra alérgica a qualquer inquietação ou<br />

empenhamento. A nível social, político, filosófico, religioso, etc.. Vive-se do momento, e para o<br />

momento. Entrar na análise este ambiente ultrapassa o nosso objectivo. Pais, educadores, escolas,<br />

igrejas, instâncias culturais, partidos políticos, etc. — todos se ressentem desta envolvência. Interior e<br />

exterior. E ninguém vislumbra saídas. São muitos os que se iludem sobre a gravidade <strong>deste</strong><br />

fenómeno: o sistema vai aguentando (ainda algum tempo) a “máquina social”... Mas em termos<br />

antropológicos, nenhuma crise se resolve pelo oportunismo dos interesses particulares. Surpreende<br />

que haja tão pouco quem procure olhar mais longe !<br />

O facto está aí. E é paradigmático. Não podíamos passar-lhe de lado. À filosofia não assiste o direito<br />

de se furtar a nenhuma interrogação. A dificuldade maior começa logo aí. O indiferentista não se<br />

questiona. É isto que torna o seu problema algo assim como a quadratura do círculo (H. SCHLETTE).<br />

Está desinteressado até do seu desinteresse. Estudioso desta temática, SCHLETTE não entrevê outra<br />

saída senão a reflexão sobre a “deficiência”: o indiferentismo é “uma modalidade da existência humana<br />

que é preciso qualificar de deficiente. Este modo de ver implica sem dúvida um claro juízo de valor”. Só<br />

que, parece-me, na junção das duas afirmações aflora ainda o mesmo problema. E como poderá o<br />

indiferentista reflectir sobre a “deficiência” do seu viver, se ele não assume nenhum “juízo de<br />

valor” ? Embora a questão não se resolva em poucas linhas, acho que se abordaria melhor a partir da<br />

experiência da carência, que temos considerado. Por ser mais básica do que a abordagem teorética e<br />

mais vivencial que o reconhecimento reflectido (invocados pelo teólogo de Bonn), a carência pode<br />

proporcionar melhor base para a revisão do indiferentismo.<br />

Pois também o indiferentista mantém afinal algum apreço pela sua vida. E em função dele, vive<br />

aspirações e frustrações. Pode julgá-las circunscritas à unidimensionalidade do imediato. Mas na medida<br />

em que as vive, sente (vivencialmente) um desfasamento entre esse “imediato” e uma outra<br />

dimensão. E que é esta expectativa, e desfasamento, senão um sinal (da tensão) do mais ? (...)».<br />

Mas, algumas páginas mais à frente (págs. 466 e seguintes), o mesmo Autor «desmonta» o Paradoxo<br />

do Nihilismo:<br />

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