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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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E o autor conclui:<br />

«(...) E estando contra isto, estou a favor de quê ? — pergunta-me o senhor LUÍS DELGADO no “DN”.<br />

É simples: estou a favor da liberdade de criticar, de contestar e de refutar. É da própria essência da<br />

democracia e não pode ser confundida com censura prévia ou qualquer cruzada fundamentalista a favor<br />

do rearmamento moral. Não me proponho salvar o mundo, não disponho de qualquer programa político<br />

de algibeira e não recorro <strong>ao</strong> discurso de pacotilha. Nem por isso desespero. A alternativa <strong>ao</strong><br />

empobrecimento da política e <strong>ao</strong> aviltamento da cultura está seguramente na capacidade de indignação,<br />

de denúncia e de rejeição da mediocridade ambiente e sem princípios, que a sacrossanta liberdade do<br />

mercado e o império da ganância querem impor a este mundo em que vivemos, com grave e manifesto<br />

prejuízo da liberdade e da dignidade dos cidadãos».<br />

É pena porém, como dissemos já, que, reconhecendo nós embora como infelizmente verdadeiras as<br />

realidades sociais, culturais e políticas portuguesas de hoje, que o autor muito justamente denuncia e<br />

contra as quais compreensivelmente se «indigna», todavia ele não reconheça também que, a por si<br />

reivin-dicada, «... liberdade de criticar, de contestar e de refutar» (bem como a própria «democracia»,<br />

que tam-bém invoca), são, apesar de tudo e, para o bem ou para o mal, nas sociedades modernas e<br />

contem-porâneas, intrinsecamente indissociáveis da, também por si tão «odiada», «realidade do<br />

mercado», como fundamental «estrutura económico-social» constitutiva dessas sociedades e mesmo<br />

até a «pré- -condição estrutural de possibilidade» e, por isso, «normativa» e a conditio sine qua<br />

non (i. é, condição necessária, embora porventura não suficiente) de uma qualquer «Ordem ou<br />

Sociedade livre e aberta» !<br />

Também nós, como diz o autor, «nem por isso desesperamos» !<br />

Mas não necessitamos de denegar ideologicamente aspectos incontornáveis e essenciais das nossas<br />

«realidades» sociais, para não deixarmos de defender o actualmente tão propagandeado, mas nem por<br />

isso menos legítimo, «direito à indignação», ou a utopia normativa aberta a que nos referiremos no<br />

local apropriado do presente <strong>livro</strong>.<br />

Aliás, na conjuntura portuguesa <strong>deste</strong> fim do ano de 1999 — que não é, apesar da «teimosia» do<br />

sacrossanto «senso comum», ainda o fim do Século XX e do IIº. Milénio... —, pode também <strong>ler</strong>-se, com<br />

o lúcido «realismo» que não pode aqui dispensar-se, pelo menos a «parte introdutória» do <strong>texto</strong><br />

escrito e subscrito pela (insuspeita...) Cronista do Expresso-Revista, CLARA FERREIRA ALVES, <strong>texto</strong><br />

esse intitu-lado: A Degeneração — e que consta da Edição daquele Semanário com o nº. 1 414 e data de<br />

4 de Dezembro de 1999, pág. 192 do referido Caderno. Diz, assim (e portanto) aquela Senhora:<br />

«Há momentos assim na vida de todos os povos. Momentos em que os grandes problemas estão<br />

resolvidos e se cai numa espécie de poço sem fundo de tédio e ostentação. Ou de corrupção. Os<br />

grandes problemas são os problemas das grandes palavras como liberdade, igualdade, prosperidade, e os<br />

temas relativos à protecção mínima dos direitos e garantias do cidadão. <strong>Um</strong> povo comporta-se como um<br />

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