20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

a) — Neste segundo caso, logo mais atrás acabado de referir ⎯ em β) ⎯, constatamos até que uma certa<br />

insociabilidade humana é ineliminável de todo e que, de um ou de outro modo, há sempre um resíduo<br />

da Liberdade e da Natureza Humanas que é ou permanece Pré-,<br />

Extra-,<br />

ou Méta-Social,<br />

pois que o<br />

Homem nunca pode ser totalmente «Socializado» e não se define ou esgota todo pelo «Social»: se<br />

todo o Social é de algum modo Humano, a Verdade é que Nem Todo o Humano é Social !!!<br />

Neste segundo caso, o que temos é pois uma Liberdade Negativa, ou de Autonomia, também chamada<br />

por alguns de Liberdade Liberal, i. é, uma «Liberdade de... » (falámos atrás desta liberdade como uma<br />

rigorosa «Liberdade Interior»...), que também pode ser designada como a Reserva Pessoal de cada um<br />

face a todo o Social, ou face <strong>ao</strong>s Outros Seres Humanos e <strong>ao</strong> «Mundo» em geral, também presente no<br />

ex-clusivismo (o exclusivismo do amor, por exemplo, ou mesmo o exclusivismo sexual...), ou<br />

Privacidade e pressuposta também pelo chamado Direito à Diferença.<br />

Diríamos até que, aqui, estamos, justamente, sob a Égide do que o Psicanalista Português, Prof.<br />

Doutor CARLOS AMARAL DIAS, chama de «O Modelo do Negativo», ou seja no domínio psíquico<br />

em que se disciplina a nossa relação com o «insuportável» (decorrente da hiperpresença e<br />

omnipresença do «objecto-coisa»), se estrutura (negativamene) o psiquismo em face da dor, da<br />

ausência, da perda, da separação, da diferença («Eu não sou tu, tu não és eu !») e, no limite, do<br />

desamparo radical (Hilflosigkeit, como «condição da espécie») — ou seja, do Negativo que é o lugar<br />

«princeps» por onde se funda o pensamento, a partir da por ele chamada «NÃO COISA» («no thing»),<br />

i. é, do não-objecto (ou do «lugar» do «objecto» enfim já não-presente) e, desse modo, se possibilita<br />

um espaço psíquico «insatu-rado», como condição da propriamente dita «auto-constituição do sujeito»<br />

— Cfr. a sua obra intitulada O Negativo — Ou o Retorno a Freud, © Fim de Século Edições, Lisboa,<br />

1999.<br />

Por isso, diz, designadamente, este último Autor (pág. 60 da obra referida):<br />

«(...) Quanto maior é a parte insaturada do aparelho pré-conceptual, mais apta está a mente à cria-ção<br />

de conceitos. Enquanto que a parte saturada do aparelho pré-conceptual apenas está apta a lidar com o<br />

objecto, reclamando a sua presença.<br />

NIETZSCHE diz que o ser humano é uma eterna criança, ou seja, é um eterno criador. É pela máxima<br />

insaturação que somos humanos. O que é um super-homem ? É uma eterna criança, um eterno<br />

criador. É a mente que está em resposta máxima na pré-concepção. Isto resolve o problema filosófico<br />

de NIETZSCHE. O humano demasiado humano é o que está numa área limite da pré-concepção, que<br />

está na área insaturada, que está capaz permanentemente de to<strong>ler</strong>ar o infinito, de to<strong>ler</strong>ar a dúvida, e<br />

elaborar-se a partir daí. (...)».<br />

113

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!