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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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Assiste-se assim a uma intensiva materialização, reificação e essencialização do «social» que, de<br />

designativo de simples complexos ou sistemas de interacções ou relações inter-humanas e inter-pes-<br />

soais, de uma simples «ordem relacional externa», se converte numa autêntica «Coisa» (como já o<br />

havia recomendado ÉMILE DURKHEIM), em-si, cheia, plena, compacta, sólida, possuidora de «ser»<br />

(o chama-do «ser social»!), de materialidade e de substância !<br />

Em vez de se reconhecer que o «social» só existe, só tem «realidade», só «vem <strong>ao</strong> ser», enquanto<br />

dura e subsiste uma relação intersubjectiva de troca ou de interacção, sendo algo que continuamente<br />

se «faz», se «des-faz», se «re-faz», se «per-faz» e... de novo se «des-faz»... — postula-se uma<br />

omnipresença e uma essencialidade, reificação e materialidade verdadeiramente ontológicas do<br />

«social»!<br />

Mais recentemente, tudo tem que ser feito... «com consciência social» !<br />

E até há um Ministério da «Solidariedade... Social»!<br />

Veja-se, sobre os desmandos semânticos e ideológicos a que se tem chegado com a palavra «Social», o<br />

<strong>texto</strong> de FRIEDRICH A. HAYEK (uma bête noire para esses teóricos do «social»), intitulado «Social»<br />

or distributive justice, em CHIAKI NISHIYAMA e KURT R. LEUBE, The essence of Hayek, já<br />

citado, 1984, pág. 62 e seguintes.<br />

E ainda sobre o individualismo metodológico, ou subjectivismo, nas ciências sociais, veja-se também<br />

de F.A. HAYEK, The Counter-Revolution of Science..., 1952, 1979, citado na bibliografia anexa,<br />

especialmente o Capítulo 4, intitulado The Individualist and “Compositive” Method of the Social<br />

Sciences, pág. 61 e segs., por onde se vê que o «social» não é nada mais do que as simples interacções<br />

significativas entre pessoas individuais e as suas ideias, crenças e convicções.<br />

Deste ponto de vista, a razão de ser de uma explicação teórica por parte das ciências sociais é apenas o<br />

facto de que a acção consciente de muitos homens produz resultados que não são queridos e<br />

regularidades que não são o resultado do desígnio ou intenção de ninguém, ou seja, produz uma<br />

«Ordem», como resultado das acções individuais, mas que não é resultado de nenhum desígnio ou<br />

intenção individual — e é esta uma «Ordem» em que as coisas se comportam do mesmo modo porque<br />

elas significam o mesmo para os vários homens, uma «Ordem» que nós compreendemos como é<br />

formada, apesar de não podermos talvez nunca estar em posição de observar o processo total ou de<br />

predizer qual o seu preciso curso e resultado.<br />

Aliás, a este respeito, toda a infindável e infrutífera conversa àcerca de «o todo ser mais do que a mera<br />

soma das partes», repetida até à náusea àcerca da «essencialidade» e «substancialidade» desse todo, só<br />

não fará dessa frase uma frase completamente vazia de sentido quando compreendermos que uma<br />

«ordem» implica certos «elementos» mais certas relações entre eles e que uma certa ordem ou<br />

estrutura pode ser formada por quaisquer «elementos» capazes de entrarem nas mesmas relações uns<br />

com os outros.<br />

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