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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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E para uma Concepção Individualista, Realista e Crítica da Pessoa Humana, como a nossa, mesmo<br />

que tenhamos de reconhecer que «...o homem real é a unidade dialéctica de duas relativas autonomias, a<br />

autonomia do seu eu social (...) e de um eu pessoal (...) — a unidade dialéctica, se quizermos, da objectivi-<br />

dade e da subjectividade humanas» (A. CASTANHEIRA NEVES, A Revolução e o Direito, 1976) —<br />

todavia nós afirmamos o Relativo Primado do «Eu Pessoal» sobre o «Eu Social»; não uma simetria ou<br />

perfeita reciprocidade entre aqueles referidos dois Eus (ou as duas dimensões do Self), mas o Relativo<br />

«Primado» ou a «Preeminência Última» do «Eu Pessoal» sobre o «Eu Social», a «Preeminência» da<br />

Selbstheit, do Selbstsein ou do Ser-Si-Próprio.<br />

Na aceitação da parcial dimensão social do Self divergimos decisivamente do individualismo estrito<br />

e absoluto: do «falso individualismo» solipsista, radical e moderno-cartesiano de que falava HAYEK, que<br />

desemboca, paradoxalmente, tanto no libertarismo ou anarquismo radicais, como no socialismo e colec-<br />

tivismo totalitários.<br />

Na afirmação da Relativa «Prioridade Ôntico-Ontológica» ou «Preeminência Última» do Eu Pes-<br />

soal convergimos com o «Verdadeiro Individualismo» <strong>deste</strong> último autor referido e de POPPER e com o<br />

relativo «Privilégio Ontológico» (ou «preeminência ontológica») que HEIDEGGER disse ter sempre o<br />

Ser Humano (o Ser-Aí, o Da-sein) sobre o Mundo, sem contudo negarmos este e a sua específica<br />

«objectividade» e «realidade aberta», nem as decisivas autonomia e objectividade sistémicas relativas da<br />

Sociedade e da Civilização.<br />

Como diz JEAN-MARC VARAUT (Le droit au droit—Pour un libéralisme institutionel, P.U.F.,<br />

1986), é nesta dimensão que, com o Cristianismo, se encontram fundados, conjuntamente, tanto o individu-<br />

alismo absoluto como o universalismo absoluto, pois que o individualismo autêntico, verdadeiro e conse-<br />

quente não é solipsista mas altruísta e não existe sem responsabilidade; já que: «Eu primeiro!» («Moi<br />

d'abord !») não quer dizer eu sòzinho, significa antes cada um por si, mas não cada um para si; e na ética<br />

da responsabilidade o sujeito atinge a sua definição última: «amar o seu próximo como a si mesmo»<br />

pressupõe o amor de si: o que a tradição liberal anglo-saxónica chama de Self-Love, ou Self-Esteem, ou<br />

mesmo até o Self-Respect.<br />

Ou como o diz, também, ERICH FROMM, em Ética e Psicanálise:<br />

«Sermos capazes de prestar atenção a nós próprios é uma exigência prévia da capacidade de<br />

prestarmos atenção <strong>ao</strong>s restantes; sentirmo-nos à vontade connosco próprios é condição necessária para<br />

nos relacionarmos com os outros» — apud FERNANDO SAVATER, Ética para um Jovem, referido na<br />

bibliografia anexa — Autor este último, cuja Máxima Ética é: «Levar uma Humana “Vida Boa”, entre<br />

Humanos».<br />

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