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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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10 - «Eros» e «Thanatos»: o Fundamento de «<strong>Um</strong>a Ética Possível».<br />

Outra «Ambivalência» detectada por FREUD no Ser Humano — e esta agora ainda mais<br />

fundamental do que a referida mais atrás, porque tem agora a ver com a própria estrutura e constituição<br />

do «Ser Psíquico» mesmo do Homem e não se limita a ser uma Dualidade na Direcção do Investimento<br />

Libidinal (ou no Eu Próprio, ou nos Objectos do Mundo Exterior) —, foi a que, a partir da chamada «Vi-<br />

ragem de 1920», ele chamou a Oposição ⎯ Antinomia/Conflito ⎯ entre «Eros» (Pulsão de Vida) e<br />

«Thanatos» (Pulsão de Morte): Cfr. também Malaise dans la Civilisation, Viena, 1929, na Revue Fran-<br />

çaise de Psychanalise, T. VIII, nº. 4, 1934, p. 692.<br />

Estas duas Pulsões, ou Instintos («Trieb», em Alemão...) definem duas tendências básicas, ou fun-<br />

damentais, na dinâmica do psiquismo humano, que são intrinsecamente «Antagónicas» entre si e que se<br />

combatem, sem cessar, mas quase sempre em íntima fusão e mistura entre uma e outra e, paradoxalmente,<br />

por vezes mesmo «em cooperação», pelo que raramente se manifestam «separadas» ou «em si», sendo<br />

que essa «Luta Interna» (ou «Agónica»...), no psiquismo humano, é também depois transferida para os<br />

processos externos e superiores, ou supra-estruturais, da própria Sociedade e da Civilização, onde conti-<br />

nua no decurso da História Humana, indefinidamente...<br />

natos):<br />

No local acabado de citar, FREUD descreve a sua descoberta progressiva desta última Pulsão (Tha-<br />

«(...) O passo seguinte, dei-o em Para Além do Princípio do Prazer (1920), logo quando o<br />

automatismo de repetição e o carácter conservador da vida instintiva me impressionaram pela primeira vez.<br />

Partindo de certas especulações sobre a origem da vida e de certos paralelismos biológicos, tirei daí a<br />

conclusão de que <strong>ao</strong> lado do instinto que tende a conservar a substância viva e a agregá-la em unidades<br />

sempre maiores, devia existir um outro que lhe fosse oposto, tendente a dissolver essas unidades e a<br />

reconduzi-las <strong>ao</strong> seu estado primitivo, isto é a um estado anorgânico. Portanto, independentemente do<br />

instinto erótico, existia um instinto de morte; e a sua acção conjugada ou antagonista permitia explicar os<br />

fenómenos da vida. Mas então, não era fácil demonstrar a actividade desse instinto de morte assim<br />

admitido. As manifestações do Eros eram suficientemente evidentes e ruidosas. Poder-se-ia admitir que o<br />

instinto de morte trabalhasse silenciosamente, na intimidade de ser vivo, para a dissolução <strong>deste</strong>, mas isso<br />

não constituía naturalmente nenhuma prova; a ideia de que uma parte se volta contra o mundo exterior e se<br />

torna aparente sob a forma de pulsão agressiva e destruidora fez-nos dar um passo mais. Assim, o instinto<br />

de morte foi obrigado a pôr-se <strong>ao</strong> serviço de Eros; o indivíduo aniquilava então qualquer coisa de exterior a<br />

ele, vivo ou não, no lugar da sua própria pessoa. A atitude inversa, ou seja o impedimento da agressão<br />

contra o exterior, devia reforçar a tendência para a autodestruição, tendência agindo sem cessar de todos os<br />

modos. Podia-se, <strong>ao</strong> mesmo tempo, deduzir <strong>deste</strong> mecanismo típico que as duas espécies de instintos<br />

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