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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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a memória nostálgica de um passado feliz puramente imaginado e a fé sobrenatural no cumprimento,<br />

para além do tempo, das promessas bíblicas de uma vida eternamente feliz).<br />

No mesmo local, diz-se ainda — depois de informar que o termo foi criado por THOMAS MOORE,<br />

para designar a ilha ou cidade imaginária por ele descrita em De optimo reipublicæ statu, deque insula<br />

Utopia, Lovaina, 1516 — que, «... quer derive do grego não ou de bem, o prefixo u presta-se admiravel-<br />

mente a que a UTOPIA seja tomada como lugar inexistente, como não-lugar ou como lugar ideal, de<br />

per-feição e excelência. Do predomínio de um ou de outro <strong>deste</strong>s aspectos ressaltará respectivamente o<br />

carácter fantástico e irreal da UTOPIA ou o seu valor racional e possível antecipação da realidade».<br />

Sobre o vocá-bulo, veja-se ainda, finalmente, o GRANDE DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO<br />

EDICLUBE (citado na bibli-ografia anexa), Volume XVIII, 1996, pág. 6 214.<br />

<strong>Um</strong>a exposição dos traços principais da «Utopia» de THOMAS MOORE, ou TOMÁS MORUS, como<br />

se preferir, pode ver-se de págs. 241 a págs. 263 da História das Ideias Políticas, de DIOGO FREI-TAS<br />

DO AMARAL, citada na bibliografia anexa, donde salientamos a seguinte passagem, com intuitos de<br />

comentário:<br />

«(...) Como deixámos dito no momento oportuno, MORUS na Utopia faz uma crítica severa da<br />

propriedade privada e aponta-a a dedo como principal fonte dos males sociais: o modelo que claramente<br />

preconiza é o de uma sociedade donde a propriedade privada, o dinheiro, a riqueza e o luxo estarão<br />

ausentes, e onde reinará uma completa igualdade social. MORUS defende, pois, o socialismo.<br />

Mas este socialismo não é um socialismo materialista, antes apresenta um fundamento marcadamente<br />

espiritual: os utopianos são convertidos <strong>ao</strong> cristianismo, praticam a religião, e cultivam o modelo cristão<br />

da família, do casamento e da educação dos filhos. MORUS não repete PLATÃO, nem antecipa MARX.<br />

MORUS é o primeiro a defender um modelo de sociedade que só no século XX terá seguidores — o<br />

modelo do “socialismo cristão”. Socialismo, na medida em que preconiza a organização colectivista da<br />

sociedade, assente na abolição da propriedade privada; cristão, na medida em que lhe procura dar uma<br />

inspiração moldada pelo cristianismo e enquadrada num profundo sentimento espiritual e religioso».<br />

Continuando a criticar, do seu ponto de vista, o modelo de MORUS, FREITAS DO AMARAL diz<br />

ainda:<br />

«(...) Achamos mesmo que a vida naquela ilha de TOMÁS MORUS devia ser bem infeliz e desagra-<br />

dável: nela não havia lugar para a variedade, para o pluralismo, para a iniciativa de cada um, e tudo era<br />

regulado pelo Estado — as casas, o vestuário, as refeições em comum, as viagens, a escolha das<br />

profissões. Aquela sociedade não podia ser feliz: não era uma sociedade de liberdade, de iniciativa e de<br />

responsabili-dade. Era uma sociedade colectivista e massificada. A vida ali mais se parecia com a atitude<br />

de renúncia e sacrifício de uma ordem religiosa num convento dos mais rigorosos, do que com a vida<br />

normal dos cidadãos comuns de um país livre e democrático».<br />

Estas críticas, quanto a nós, são tão pertinentes, quanto é verdade que todos estes modelos de UTO-PIA<br />

(a começar logo em PLATÃO) são modelos fechados, absolutamente holistas, acabados, definitivos e<br />

totalitários. Não é esse, seguramente, o nosso modelo ou entendimento de Utopia !...<br />

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