20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

16 - O «Mundo Cultural dos Valores»: a «Noosfera».<br />

Quanto <strong>ao</strong>s Valores e <strong>ao</strong> Mundo dos Valores, adverte A. CASTANHEIRA NEVES (cfr. DIGESTA, já<br />

citado, volume 2º., nota 126 da pág. 411): «Não se ignora que o discurso sobre os “valores” não pode<br />

hoje <strong>fazer</strong>-se sem uma crítica justificação». Sobretudo, desde que MARTIN HEIDEGGER «... lhes retira<br />

base de validade no quadro de um pensar “entendido como logos enunciativo” e referido <strong>ao</strong> ser como<br />

algo que simplesmente aí está em si (V. Einführung in die Metaphysik, IV, 3 e 4)» — e veja-se também<br />

Carta sobre o humanismo, Guimarães e Ciª., Editores, Lisboa, 1973, com tradução de ARNALDO<br />

STEIN e prefácio de ANTÓNIO JOSÉ BRANDÃO.<br />

Por isso que, sem necessidade de atribuir Dignidade Ontológica <strong>ao</strong> próprio Valor, que tal foi a<br />

solução tentada de SCHELER e de HARTMAN, mas sem êxito, todavia sempre haverá que reconhecer<br />

uma específica Objectividade Intencional <strong>ao</strong> «Mundo dos Valores», no âmbito do universo cultural-<br />

normativo e civilizacional e no quadro de uma Ordem Méta-Consciente ou Tradição Cultural e<br />

Civilizacional que se apresenta como uma particular Superestrutura do sistema social como um todo<br />

aberto — mas sem que esse universo cultural, normativo e axiológico tenha uma subsistência puramente<br />

em si e por si, ou uma indisponibilidade ontológica, sem a mediação introceptiva das pessoas e a sua<br />

constituição e reconstitui-ção subjectiva por estas.<br />

Por isso, adoptamos o enunciado do primeiro autor acima referido sobre o problema, <strong>ao</strong> dizer:<br />

«Ao assumir-se o homem no seu poder-ser, reconhece-se decerto finito e relativo, no ser que é, mas não<br />

se reconhece menos, e já por isso, deficiente e carecido do ser que pode ser — da sua plenitude de ser.<br />

Ou seja, no seu transcender, o homem assume a sua finitude como correlativa à infinitude, a sua<br />

relatividade como correlativa <strong>ao</strong> absoluto — e assim, se finito e relativo, é todavia por ele pensável ou<br />

tem para ele sentido abrir-se à infinitude e <strong>ao</strong> absoluto. E a plenitude de ser que <strong>deste</strong> modo o homem<br />

intenciona — o projecto do seu próprio ser em que se transcende à consumação de si, no superar-se a si<br />

mesmo —, e plenitude assumida como um apelo de realização que vem da sua possibilidade de ser, é o<br />

que designamos por valor. Valor que implica o dever-ser, já que em si mesmo e verdadeiramente, disse-<br />

o bem SERGIO COTTA, ele significa “dever de ser”» — a maior parte dos bold é nossa.<br />

Daí a importância e a imprescindibilidade da Liberdade — que é a condição verdadeiramente<br />

ontológica da possibilidade de constituição de todos os valores e, assim, não apenas um valor como os<br />

outros. Embora, uma Liberdade sem Valores seja apenas o vazio do sem-sentido e do absurdo. Pois que,<br />

mesmo a Liberdade só cobra o seu sentido autêntico na permanente e continuada projecção<br />

espiritual e na constituição renovada de valores e na sua auto-vinculação a eles, dos quais decorrem<br />

as regras pelas quais ela se auto-limita e se auto-define.<br />

206

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!