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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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E o problema que hoje enfrentamos na vida real é o de saber como travar a erosão dos laços sociais e o<br />

empobrecimento espiritual que a simbiose de MARX e NIETZSCHE vêm produzindo nas nossas<br />

democracias».<br />

E noutro <strong>texto</strong> posterior, justamente intitulado Ideias têm consequências, também publicado no mes-mo<br />

semanário, a propósito do diferente tema pontual da necessidade sentida pelo Governo Trabalhista in-<br />

glês de reestabelecer a autoridade e a disciplina nas escolas públicas do ensino secundário, ESPADA<br />

não deixa de identificar a responsabilidade das «ideias utopistas radicais» nos resultados da progressiva<br />

deterio-ração do ambiente escolar:<br />

«(...) Essas ideias utopistas fundam-se numa premeditada confusão intelectual entre liberdade e licen-ça,<br />

entre liberalismo e radicalismo.<br />

A tradição liberal sempre foi a da liberdade ordeira, fundada em regras de comportamento estáveis,<br />

ainda que abertas à crítica. A tradição política inglesa é precisamente o melhor exemplo desta saudável<br />

combinação entre regras estáveis e extensa liberdade de crítica. A mais recente revolução inglesa teve<br />

lugar em 1688 — foi, aliás, uma revolução pacífica visando restaurar a soberania do Parlamento. Isso<br />

permitiu à Inglaterra encabeçar quase todas as principais Reformas do Mundo Moderno, sem pôr em<br />

causa as suas Tradições.<br />

A perspectiva radical é totalmente diferente desta. Ela combina o igualitarismo de ROUSSEAU e<br />

MARX com o niilismo de NIETZSCHE. Em nome da igualdade, os radicais questionam toda a<br />

autoridade. E, em nome do niilismo, eles questionam a própria possibilidade de existirem regras de<br />

comportamento aplicáveis a todos: eles acusam as regras de conduta de reflectirem apenas os<br />

preconceitos particulares de quem as defende.<br />

Muitas pessoas de mentalidade aberta e liberal ficam hoje confusas com o rótulo “liberal” reclamado<br />

por alguns radicais — um rótulo que os radicais ainda ontem acusavam da “burguês, capitalista e<br />

moralis-ta”. Mas a experiência das escolas públicas inglesas aí está para recordar as consequências do<br />

radicalismo. E essa experiência confirma que mais vale confiar no bom senso das famílias do que nas<br />

teorias arreve-sadas que os radicais têm vindo a impôr. O bom senso indica que, onde deixa de haver<br />

regras estáveis, não é a liberdade que perdura. É o c<strong>ao</strong>s que se intala. A seguir, se a estabilidade das<br />

regras não for reposta, virá a tirania» — os itálicos e os bold são nossos.<br />

Como conclui ANTHONY GIDDENS (Cfr. Sociology, 3ª. Edição, Polity Press, 1997, págs. 64-65):<br />

«Apesar de uma crescente interdependência cultural e económica, a ordem global está marcada por<br />

desigualdades, e dividida numa manta de retalhos de Estados com preocupações tanto comuns<br />

como divergentes. Não há nenhuma indicação real de que uma convergência política se venha a<br />

sobrepor <strong>ao</strong>s interesses conflituantes dos Estados no futuro próximo. <strong>Um</strong>a das mais preocupantes<br />

características da sociedade mundial é que, apesar da existência das Nações Unidas, a crescente<br />

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