20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

12 - O «Estado de Direito Democrático e Social».<br />

a) — A «Ordem de Direito» (ontologicamente una) e aqueles Valores ou Princípios mais atrás<br />

considerados como seus constitutivos exigem, para a sua ulterior efectividade, positividade, vigência e<br />

eficácia, um correlato «organizacional» e histórico, ou seja, um ESTADO, que é sempre, de algum modo,<br />

um «Mal Necessário»: não se esqueça que, para uma perspectiva estrita e exclusivamente política (que não<br />

é a nossa, pois nunca separamos o Estado do Direito e não concebemos aquele sem este), como foi, logo<br />

nos alvores da Modernidade, a de THOMAS HOBBES (1588-1697), o Estado pôde ser visto, segundo um<br />

ponto de vista acentuadamente realista, como o Leviathan, i. é, aquele terrível bíblico «Monstro Mari-<br />

nho», segundo FREITAS DO AMARAL (cfr. a sua História das Ideias Políticas, citada na bibliografia<br />

anexa, págs. 356 e seguintes) identificado com o «Crocodilo», àcerca do qual diz o Livro de JOB, do Antigo<br />

Testamento, o seguinte:<br />

-17);<br />

« “Se alguém investe contra ele, de nada lhe servem nem a lança, nem a espada, nem o dardo” (41-<br />

“Não há na terra poder que se lhe assemelhe, pois foi feito para não ter medo” (41-24);<br />

“Olha de frente tudo o que é grande, é o rei de todos os animais ferozes” (41-25);<br />

“Ninguém se atreve a provocá-lo”; “o seu vigor é incomparável” (41-1 e 3);<br />

“Quem jamais o despojou da sua couraça ?”; “os membros do seu corpo estão perfeitamente unidos<br />

entre si” (41-4 e 14)».<br />

E como diz seguidamente FREITAS DO AMARAL:<br />

«Numa palavra — e na feliz síntese de um autor contemporâneo (ROGER CARATINI) — o Estado<br />

de TOMAS HOBBES é um “Leviathan”, isto é, um monstro, “mas é o monstro que combate os outros<br />

monstros”, ainda mais perigosos do que ele. Na verdade, HOBBES inisiste por diversas vezes em que “a<br />

pior incomodidade que em qualquer forma de governo pode acontecer <strong>ao</strong> povo em geral é quase insensível<br />

em comparação com as misérias e horríveis calamidades que acompanham uma guerra civil” (Lev., II, 19),<br />

ou seja: a pior tirania é sempre melhor do que a guerra ou a anarquia.<br />

É curioso sublinhar que o versículo nº. 41-24 do <strong>livro</strong> de JOB, acima citado, é precisamente aquele<br />

que HOBBES escolheu para ilustrar a capa da primeira edição inglesa da sua obra (1651): “Non est potestas<br />

super terram quæ comparetur ei” (não há na terra poder que se lhe compare). Isto dizia JOB do seu monstro<br />

marinho: o mesmo diz HOBBES do Estado, que assim identifica com um poder supremo e absoluto».<br />

Com efeito, sendo a «Natureza Humana Real», o que verdadeiramente é, como o mostrou, para es-<br />

tes efeitos, antes de todos e melhor que ninguém, THOMAS HOBBES, o Estado não pode deixar de ser<br />

«uma necessidade»: não só para manter a ordem, a segurança e a paz, tanto interna como externamente,<br />

476

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!