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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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«Neste início de <strong>livro</strong> encontra-se trabalhada a relação entre “tradição” e “emancipação”, conceitos<br />

decisivos, segundo GIDDENS, não só para a interpretação das correntes (respectivamente) de Direita e<br />

de Esquerda como para ir além destas. Mesmo reconhecendo a utilidade daquela distinção, quer na<br />

teoria (mas “tão-só num plano muito geral”, lê-se na pág. 223) quer na prática, estando nesse ponto<br />

muito próximo do BOBBIO de Direita e Esquerda (Presença, 1995), o fito de GIDDENS e da sua<br />

proposta “radical” é utópico (o “realismo utópico”, resumido na pág. 221): urge, diz, superar os<br />

impasses gerados pela progressiva radicalização da Direita e pelo crescente conservadorismo da<br />

Esquerda; para tanto, baseado no conservadorismo filosófico, apela a uma defesa não fundamentalista<br />

(“Cosmopolita”) das tradições culturais (...), visando uma política de oportunidades de vida que<br />

recupera o legado emancipatório dos valores históricos da Esquerda europeia num projecto dito de<br />

“política radical”; com isto pretende-se <strong>fazer</strong> frente à crise ecológica que acompanha a globalização<br />

das sociedades industrializadas que começam já (afirma GIDDENS) a dar forma a uma “ordem pós-<br />

escassez” (mas, sobre o tema específico da globalização, o <strong>texto</strong> decisivo de GIDDENS é As<br />

Consequências da Modernidade). Ainda próximo de BOBBIO, GIDDENS não dissimula a sua maior<br />

proximidade pessoal à Esquerda, quer pela primazia que a ideia de emancipação assume, sob diversos<br />

nomes, na argumentação, quer na convicção que são os partidos de Esquerda que mais oportunidades<br />

vão ter de reformular as suas doutrinas a partir destas propostas. <strong>Um</strong> <strong>livro</strong> “engagé” ? Nem tanto, até<br />

porque “a responsabilidade é também a chave da agência” (pág. 18), o que ajuda a moderar o<br />

discurso. E se “não há um único agente, grupo ou movimento que transporte consigo as esperanças da<br />

humanidade, como se supunha acontecer com o proletariado de MARX — mas há muitas dinâmicas de<br />

envolvimento político que oferecem razões válidas para o optimismo” (idem), é caso para concluir que,<br />

no caso de GIDDENS, trata-se <strong>Um</strong> Optimismo Radical».<br />

Por tudo isto, estamos nós em crer que as orientações políticas mais idóneas para <strong>fazer</strong> face e estar à<br />

altura dos problemas do mundo actual (efeitos da Globalização, problemática Ecológica, etc) são, não<br />

certamente as orientações conservadoras; nem também, muito menos, as orientações estatistas de<br />

certa Esquerda socialista ideológica e dogmática, que ainda aí temos.<br />

Mas sim, talvez antes, as orientações de sentido comunitário, no sentido da comunidade aberta de<br />

que falamos no presente trabalho e num quadro global liberal, preocupadas com a saúde da<br />

comuni-dade, ou seja, com a regeneração, a revitalização, a reconstituição e a reintegração do<br />

tecido social, da cultura e dos valores da comunidade: ecologia humana, cultural e social,<br />

complementaridade dialéctica entre modernidade e tradição, etc..<br />

Depois de enunciar a pergunta:<br />

«Donde nos poderá vir o impulso e a sabedoria para viver, neste tempo, de forma mais lúcida e<br />

compassiva, mais livre e solidária, mais feliz ?» — o já por nós muitas vezes referido Frei BENTO<br />

DOMINGUES, O. P., no seu <strong>texto</strong> intitulado Do Pentecostes cristão <strong>ao</strong> Pentecostes laico, publicado no<br />

jornal Público de 31 de Maio de 1998, refere as duas perspectivas sobre a contemporaneidade que<br />

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