20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

do 2º., tanto no plano substantivo, como no plano processual —, sendo essas sanções, ora coimas, ora<br />

outras medidas acessórias, ditas também «sanções acessórias».<br />

Ramo do direito, este último, das chamadas «contra-ordenações sociais», de emergência muito<br />

recente, que se justifica pela necessidade premente de regular e punir, juridicamente, um sem número de<br />

novas infracções nascentes nas nossas sociedades, cada vez mais técnicas e complexas, embora sejam essas<br />

infracções, de algum modo, de sentido e essência «éticamente indiferentes».<br />

E tipicidade jurídico-legal, também, relativamente a quais os órgãos (administrativos ou judiciais) do<br />

Estado ou do Poder com legitimidade (competência) para punir — i. é, titulares do chamado ius puniendi.<br />

Bem como, não menos, relativamente <strong>ao</strong>s específicos processos ou procedimentos pelos quais se che-<br />

ga à «Decisão de Aplicação» dessas punições — e uma vez que o princípio já não se entende hoje num<br />

sentido estritamente legalista, ou com o sentido com que o entendeu historicamente o moderno-<br />

iluminismo, ou melhor:<br />

«O acrítico optimismo ideológico-político do Iluminismo e o ingénuo radicalismo normativo-jurídico<br />

do seu legalismo (ou melhor, do legalismo positivista que ele possibilitou e lhe foi consequente)...» — Cfr.,<br />

sobre este ponto, A. CASTANHEIRA NEVES, O Princípio da Legalidade Criminal: O seu Problema<br />

Jurídico e o seu Critério Dogmático, Coimbra, 1988, citado na bibliografia anexa, que refere, além da<br />

mutação da intencionalidade específica do princípio no nosso tempo — que todavia preserva a sua<br />

função e o seu sentido gerais de garantia jurídica [«exigida pela ideia de Estado-de-Direito, contra o<br />

exercício já ilegítimo (político-juridicamente ilegítimo), já abusivo (persecutório e arbitrário), já<br />

incontrolável (subtraído à racionalidade jurídico-dogmática e crítico metodológica) do ius puniendi<br />

estadual»] —, sobretudo, como corolários normativos do princípio, no nosso tempo, as seguintes<br />

consequências:<br />

α) — «Nullum crimen, nulla pœna, sine lege scripta»;<br />

β) — «Nullum crimen, nulla pœna, sine lege prævia»;<br />

γ) — «Nullum crimen, nulla pœna, sine lege certa»; e<br />

δ) — «Nullum crimen, nulla pœna, sine lege stricta».<br />

Os três primeiros corolários normativos enunciariam sobretudo problemas político-jurídicos dirigidos<br />

<strong>ao</strong> legislador. Só o último corolário enunciaria um problema estritamente jurídico dirigido <strong>ao</strong> Juíz, na sua<br />

aplicação concreta do direito criminal — ou, geralmente, punitivo ? — ou seja: todo o direito «... que pos-<br />

sa dizer-se constitutivo in malam partem» constituído.<br />

Este estudo <strong>deste</strong> Autor, agora citado, incide sobretudo sobre este último problema e concluirá que o<br />

critério da sua solução será, não tanto metodológico, como sobretudo dogmático.<br />

Convém também referir aqui que o direito contra-ordenacional que foi atrás referido, no âmbito do<br />

actual direito punitivo, é um limite normativo negativo a todo o direito penal e se caracteriza por abranger<br />

as condutas que, independentemente das proibições que as atingem, se revelam ético-axiologicamente<br />

neutras, segundo um critério qualitativo ético e/ou axiológico (e não segundo um critério apenas<br />

440

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!