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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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Portanto, melhor fariam estas pessoas que, em Portugal, querem, antes e sobretudo, ser primeiro «de<br />

Esquerda» e só depois compreender a realidade que, hoje, as circunda, que fossem tentar aprender (isto<br />

não passa de uma sugestão), por exemplo, com as vicissitudes da Esquerda britânica e, fundamen-<br />

talmente, do Labour Party mais recente. E que começassem, por exemplo, por <strong>ler</strong> e tentar compreender<br />

um sociológo que tanto as pode ajudar, hoje, como é, indubitavelmente, ANTHONY GIDDENS, que<br />

contribui, inclusivamente, para a definição de uma nova identidade para o próprio Labour Party.<br />

<strong>Um</strong> sinal indicativo da recepção, em Portugal, destas novas ideias para a Esquerda, parece ser o artigo<br />

de opinião de FRANCISCO ASSIS, sob o título Regresso da Política, no Semanário Expresso de 10 de<br />

Outubro de 1998 (pág. 24), que confia que os líderes de esquerda mais recentemente eleitos na Europa (em<br />

especial TONY BLAIR e GERHARD SCHROEDER, respectivamente, no Reino Unido e na Alemanha, já<br />

que o francês JOSPIN ainda parece muito vinculado à «velha esquerda»...), consigam articular com sucesso<br />

«... aquilo que CHANTAL MOUFFE define como “a lógica democrática da igualdade e a lógica liberal da<br />

liberdade”» — referindo mesmo o nome de ANTHONY GIDDENS como estando na origem <strong>deste</strong><br />

processo.<br />

Claro que uma «reacção» truculenta, míope, mal-educada e mesmo grosseira (para não dizer mesmo<br />

«boçal»...), como aliás lhe é habitual, não se poderia deixar de <strong>fazer</strong> esperar e é manifesta, no mesmo local,<br />

no artigo de opinião de ALFREDO BARROSO intitulado A Esquerda Suave, que não passa de uma<br />

manifestação apenas reactiva (no sentido nietzscheano da palavra) exactamente do que GIDDENS chama de<br />

o Velho Esquerdismo.<br />

Por exemplo, numa entrevista que deu <strong>ao</strong> jornal Público, de 16 de Maio de 1999, págs. 20, aquando da<br />

sua deslocação a Portugal, o mesmo ANTHONY GIDDENS diz, entre outras coisas — e sob a epígrafe «A<br />

Terceira Via é aceitar que o mundo mudou» —, o seguinte:<br />

«(...) <strong>Um</strong>a das razões pelas quais parte da esquerda europeia se sente desconfortável com as ideias que<br />

apresento está no próprio termo “Terceira Via”. Em alguns países europeus, esse termo tem uma história<br />

que não é muito atraente. Foi utilizado, por exemplo, pela extrema-direita nos anos vinte. Mas penso que<br />

essa reacção resulta de um mal-entendido. As políticas da “Terceira Via” não são uma tentativa para<br />

encontrar o caminho entre, por um lado, a globalização dos mercados e, por outro, o velho socialismo.<br />

É, pelo contrário, uma tentativa de descobrir como se adaptam os valores do centro-esquerda a um<br />

mundo em profunda mudança. E, em boa medida, se a questão de saber se se está ou não em desacordo<br />

com ela depende de se aceitar ou não que o mundo mudou completamente. Eu penso que mudou. Mudou<br />

a natureza da família, do trabalho, da economia, do Estado-Nação, da soberania. Todas estas instituições<br />

estão a sofrer os efeitos de um mundo global e de uma economia electrónica global.<br />

esquerda».<br />

Ora, não podemos adaptar-nos a estas novas coisas mantendo-nos fiéis às velhas ideias da<br />

E mais à frente:<br />

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