20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Do mesmo modo, na concepção de NICOLA ABBAGNANO, que compreende a Existência como<br />

«estrutura» (aberta), caracterizada como «possibilidade de possibilidade» (i. é, como «possibilidade<br />

trans-cendental», uma vez que as possibilidades concretas, historicamente determinadas, entre as quais<br />

eu posso escolher, não se equivalem, não são infinitas, como o pensa o Existencialismo de um SARTRE<br />

ou de um CAMUS, pois só uma é a possibilidade autêntica, transcendental, sobre que eu tenho de<br />

<strong>fazer</strong> recair a minha escolha, para que esta tenha um valor), a Liberdade se revela como<br />

fundamental e prioritária na Existência, cuja essência não é o Ser (Positividade), nem o Não-Ser<br />

(Negatividade), mas o «Poder-Ser», que está entre o Ser e o Nada, englobando dinamicamente os dois<br />

aspectos, no que consiste a «Problema-ticidade» da Existência. E da união da Possibilidade e da<br />

Liberdade resulta a Normatividade da existência humana, em que o Dever-Ser (Valor) é o possível em<br />

sentido normativo, equivalente moral do poder-ser em sentido empírico, vindo a «lógica da<br />

possibilidade» a coincidir com a «ética da possibilidade» — cfr. LOGOS ..., já citada, volume 1 (1989),<br />

págs. 5-7.<br />

Como diz GIUSEPPE LUMIA, a propósito do pensamento de ABBAGNANO:<br />

«(...) Mas qual é o critério normativo que me permite distinguir a escolha autêntica das inautênti- cas<br />

? É precisamente o critério da “transcendentalidade”: uma escolha só é autêntica se tornar de novo e<br />

sempre possível uma ulterior escolha, quer dizer, se longe de pretender fechar a vida em soluções<br />

defini-tivas, deixa aberta a porta às possibilidades futuras».<br />

E, nas palavras do próprio ABBAGNANO: «Por isso, nem toda a escolha é liberdade, mas só a esco-lha<br />

que garante a si própria a sua possibilidade» — Esistenzialismo positivo, Turim, 1948, págs. 41-42.<br />

Temos assim, em qualquer destas duas formulações, uma concepção dinâmica e criativa ou constitu-<br />

tiva (e não simplesmente reprodutiva) dos valores e da normatividade cultural — pois se, em alguma<br />

medida, dependemos já sempre dos valores e das dimensões normativas que encontramos já<br />

disponíveis naquele referido universo cultural e normativo méta-consciente ou superconsciente<br />

(como superestru-tura civilizacional: o Mundo 3, de POPPER, o Kultur-Überich, de FREUD, o<br />

espírito objectivo, de HEGEL, e onde encontraremos o que mais à frente designaremos por direito<br />

cultural ou espontâneo, o mundo das leis-não-escritas e o espírito autêntico da Rule of Law, ou seja,<br />

também, noutra linguagem, a Consciência Jurídica Geral «em acto») e em relação com o qual<br />

formámos já a nossa identidade e o nosso ser, em reciprocidade dialéctica (e os patterns cognitivos ou<br />

esquemas abstractos prévios e a priori da acção, da interacção social e da experiência, como o<br />

defendeu, ainda mais longe do que KANT, o filósofo político liberal FRIEDRICH HAYEK) —, a<br />

verdade é que é só pela nossa constante e continuada intencionalidade crítica a esse universo e pelo<br />

nosso permanente e reiterado «transcender» a simples realidade fáctica do mundo e da sociedade em<br />

direcção a algo «mais além», pela abertura axiológica possibilitada pelo nosso poder-ser e pela nossa<br />

liberdade, que esse universo normativo e axiológico se «constitui», ou «constrói» e se «re-constitui»,<br />

207

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!