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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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«Ele contribuíu poderosamente para voltar a unir aquilo que, indevidamente, fora separado: catolicismo<br />

e democracia». Tanto mais que estaria empiricamente provado — diz ESPADA — que, segundo<br />

SAMUEL HUNTINGTON, «cerca de três quartos dos países que transitaram à democracia entre 1974 e<br />

1989 eram dominantemente católicos» — pelo que teríamos que «agradecer» <strong>ao</strong> catolicismo essa<br />

passagem recente desses países da ditadura à democracia...<br />

Ora, parece-nos que ESPADA confunde, aqui, indevidamente, Cristianismo com Catolicismo, sendo<br />

este o propriamente apostólico e romano.<br />

E esquece que, como o mostrou MAX WEBER (Cfr. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo,<br />

citado na bibliografia anexa), foram os países cristãos-protestantes os que justamente mais (e mais<br />

depres-sa) evoluíram e historicamente se desenvolveram económica, social, cultural e<br />

civilizacionalmente.<br />

Aliás, como já o dissemos um pouco mais atrás neste mesmo <strong>livro</strong>, o tradicional Catolicismo<br />

Português, com o seu tão acanhado e ruralista familismo (tão oportunamente denunciado também por<br />

FUKUYAMA) e o seu tão obsessivo Culto Mariano, promove uma regressiva, infantilizante, protec-<br />

cionista e moralmente degradante Cultura da Mãe: é só <strong>fazer</strong> uma «visita turística», nas alturas<br />

próprias, <strong>ao</strong> Santuário de Fátima, onde «parece» —, mesmo contra todas as nossas inclinações,<br />

convicções e vontade mais «autênticas», «profundas» e «próprias» —, em face dos mais auto-<br />

degradantes e auto-humi-lhantes «comportamentos humanos», penitenciais, reverenciais, ditos de<br />

«pagamento de promessas», aviltantes e <strong>ao</strong> mais baixo nível da mera «superstição», da universal<br />

«DIGNIDADE HUMANA»... — deveras, tornar-se, de repente, visível, real e concreta a máxima de<br />

KARL MARX de que: «a religião é o ópio do povo !»...<br />

De resto, a nossa «querela» e «indignação» fundamentais, em relação <strong>ao</strong> que temos vindo a chamar<br />

«o Tradicional Catolicismo Português», é, afinal, tão simples, mas importante, como isto: ele não<br />

promove, ou, pelo menos, não tem promovido, uma «pedagogia», um «ministério», uma «educação»<br />

e uma «Cultura» para a «DIGNIDADE HUMANA» — para a «Dignidade» de cada «pessoa<br />

humana», apesar de andar sempre com «esta» na boca... — mas, antes e sobretudo, uma<br />

«pedagogia», um «minis-tério», uma «educação» e uma «Cultura» para a «humilhação e a<br />

indignidade» humanas; inclusive, para uma relação com o Divino, mais na base do «temor<br />

reverencial», do «medo» e mesmo do «terror», do «rebaixamento» do humano e pondo sempre a<br />

ênfase na sua «indigna», «miserável» e «desprezível» «condição», insuperável e definitiva, de<br />

«pecador», em face de uma «terrível, persecutória e implacável» Justiça Divina, sempre «punitiva» e<br />

«retaliatória» — muito mais do que uma «relação» e uma «experiên-cia interno-pessoal», no «limite»,<br />

reconciliatória, reconfortante, pacificadora, regeneradora, tranquili-zadora, reabilitante,<br />

reassegurante e recompensadora, fundada numa «Esperança Fundamental» e num «pré-sentimento»<br />

íntimo de Deus como «Perdão» e «Infinitos Bondade e Amor» — porque de «valoriza-ção» e<br />

«nobilitação» da «auto-estima», do «respeito-e-do-amor-próprios», humano-pessoais, «de cada um»,<br />

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