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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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globalização não é acompa-nhada, nem pela integração política, nem por uma redução das<br />

desigualdades internacionais em riqueza e poder».<br />

E ainda: «A globalização está hoje a afectar a vida das pessoas em todos os países, ricos e pobres,<br />

alterando não só estritamente os sistemas globais, mas a vida mesma do quotidiano. A globalização<br />

não produziu um mundo unificado. Antes <strong>ao</strong> contrário, criou alguns dos principais divisões sociais e<br />

conflitos que são analisados em vários capítulos <strong>deste</strong> <strong>livro</strong>».<br />

Ainda Mais «Pessimista», a respeito do mesmo Clima ou Atmosfera acima referidos, é certamente J.<br />

OLIVEIRA BRANCO, no Livro: O Brotar da Criação... (citado na bibliografia anexa), pág. 456 e<br />

seguin-tes, quando escreve:<br />

«(...) Depois, no último terço do século (XX), sobreveio a apatia. Ou antes, o desencanto. Como se a<br />

humanidade (ocidentalizada) abrisse finalmente os olhos para a monstruosidade do Mal. Sim: do Mal<br />

que testemunhou e viveu nas décadas anteriores. Como se não conseguisse “digerir” a enormidade dos<br />

totalitarismos. E o horror-sem-nome dos campos-de-extermínio. O nome de Auschwitz é esmagador. E<br />

a hediondez de todos os bombardeamentos (“convencionais”, químicos ou nucleares) de populações<br />

civis. E a perversidade de todas as manipulações — havidas, e a haver. Etc.. Como se, desiludida de si<br />

mesma, a humanidade não quisesse acreditar em (mais) nada !<br />

A opressão dos fascismos de direita e de esquerda — e o esmagamento que infligiram às pessoas<br />

concretas — tinha que provocar como reacção uma outra sensibilidade. Tendo sido absorvido pela<br />

omnipotência e omnipresença, colectivizante, do “partido”, da “classe”, da “raça”, da “nação”, da<br />

“pátria”, etc., o homem <strong>deste</strong> final de século aspira a afirmar-se no singular e no imediato. Como<br />

indivíduo. Por isso rejeita sem-mais todo o comprometimento que apele <strong>ao</strong> não-imediato. Ou <strong>ao</strong><br />

transcendente. Com fina antevisão, TILLICH (1886-1965) pôde anunciar, já em meados do século<br />

(1952), o que hoje se chama de post-modernidade: “<strong>Um</strong> cínico hoje não é a mesma pessoa que os gregos<br />

entendiam pelo termo”. Os cínicos modernos “não estão prontos a seguir ninguém. Não têm crença na<br />

razão, nem critério de verdade, nem escala de valores, nem resposta à questão da significação” (PAUL<br />

TILLICH, A Coragem de Ser, vers.bras., Rio de Janeiro, Ed, Paz e Terra, 1967, p.110). <strong>Um</strong>a (in-)<br />

sensibilidade que se situa para além do teísmo e do ateísmo. Porque está para além do humanismo e<br />

do anti-humanismo.<br />

Se esta atitude fosse expressão de um, magoado, protesto contra o mal, a situação espiritual do nosso<br />

tempo não era (tão) perturbadora. Mas é outro o caso. Já não há procura. Nem protesto. Ou<br />

escândalo. Não há sequer neutralidade. Há desinteresse. Alheamento. “Depois de Auschwitz, a<br />

Cultura toda é Lixo”, pôde ver THEODOR ADORNO (1903-69).<br />

São excepção aqueles que, vindo de lá, não se furtam a enfrentar o problema. Mas não se diga (só) que é<br />

um recalcamento. Hoje é muito mais do que isso. O sistema massificou toda a gente. Com requintes de<br />

causar inveja <strong>ao</strong> Big Brother, multiplicou e reforçou as suas super-estruturas. De impessoalização.<br />

Unidimensional (MARCUSE). O que as vítimas dos campos-de-extermínio sofreram a fogo vivo,<br />

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