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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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«<strong>Um</strong>a nação é basicamente uma identidade, um sentido de destino compartilhado, de sermos parte<br />

de um grande grupo com uma similaridade interna que vale a pena proteger, pelo menos contra os que<br />

lhe são exteriores. Não é o mesmo que o amor ou a pura solidariedade ou qualquer desses sentimentos, que<br />

são muito mais fortes, mas é o factor essencial para permitir a uma entidade política, a um Estado,<br />

funcionar adequadamente. Se não, tem de se usar a força em grau excessivo, e a burocracia de Estado não<br />

consegue nunca reunir a força necessária dutrante um período longo de tempo, a não ser que tenha algum<br />

apoio de base. É com isto que a nação tem que ver: não depende do sangue, ou da economia, mas de<br />

comunicação suficiente para gerar consciência, e de uma disposição para a colaboração mútua. Sei que<br />

parece nebuloso, mas a questão é mesmo nebulosa. Às vezes podem criar-se novos símbolos, como a<br />

bandeira da União Europeia, as matrículas de automóveis ou uma nova moeda: dentro de algumas<br />

gerações talvez haja uma Nação Europeia» — os bold são nossos.<br />

Ou, por outras palavras ⎯ e como o diz FRANCISCO SARSFIELD CABRAL, Ética na Sociedade<br />

Plural, citado na Bibliografia Anexa, Pág. 56:<br />

«(...) Não há sociedade sem poder político, sem uma Ordem assegurada pelo poder, que dispõe da<br />

força. Nem o Mercado, essa Ordem Espontânea tão do agrado dos liberais, poderia sobreviver um só dia<br />

sem a Autoridade Política, como o lembrou o próprio ADAM SMITH. O poder político, democrático, ou<br />

não, é condição de existência da sociedade: na sua falta, reina a anarquia, a luta de todos contra todos, a<br />

total insegurança ⎯ o memo é dizer, a ausência de direitos, a começar pelo direito à liberdade.<br />

Como HOBBES bem percebeu, nenhum direito, nenhuma liberdade, conseguem subsistir onde não<br />

vigora um mínimo de Ordem, garantido pela Autoridade Política, a regular a vida em comum dos<br />

homens (e os homens não serão homens isoladamente, fora da pluralidade). Por isso o imperativo de<br />

estabelecer e manter a Paz Interna na sociedade é anterior e, em certos casos concretos, fáceis de<br />

imaginar, sobrepõe-se à exigência democrática da liberdade política. (...)».<br />

E também DIOGO FREITAS DO AMARAL, na sua História das Ideias Políticas (referida na<br />

bibliografia anexa), depois de (e apesar de) ter antes definido a Política como a «actividade humana, de ti-<br />

po competitivo, que tem por objecto a conquista e o exercício do poder» (pág. 21), diz ainda, mais adiante,<br />

o seguinte (págs. 24-25):<br />

«Já dissemos mais atrás que a Política é uma realidade mutável — sempre em transformação —, e é<br />

também uma actividade de natureza competitiva — uma luta em que há, em cada confronto, vencedores e<br />

vencidos. São duas características essenciais da Política, que convém não perder de vista.<br />

Mas há outras. E de entre elas existe uma terceira característica que importa sublinhar neste<br />

momento — o carácter profundamente contraditório, bipolar, dialéctico, da Política.<br />

A Política pressupõe luta entre pessoas, ou grupos sociais, ou países, e portanto implica divisão. Mas<br />

o exercício do poder não é possível se acima dos factores de divisão, e mais fortes do que eles, não houver<br />

e não funcionarem importantes factores de união. Quanto maiores são as dificuldades políticas, mais<br />

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