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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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segundo nos consta, o Presidente do Supremo reconsiderou o seu anterior pedido de demissão, que<br />

retirou.<br />

Também bastante pessimista em relação <strong>ao</strong> estado da justiça, em Portugal, parece ser o Prof. Doutor<br />

ANTUNES VARELA, que, no Editorial do Nº. 3 886, de Maio de 1998, da Revista de Legislação e de<br />

Jurisprudência, diz o seguinte:<br />

«Ainda agora, se razões houvesse para estender a todo o território nacional o comentário impres-<br />

sionante que, no Editorial do último número do Notícias do Conselho Distrital e Lisboa da Ordem dos Ad-<br />

vogados, com a autoridade especial do cargo que ocupa, acaba de ser traçado pelo presidente desse órgão<br />

acerca da morosidade com que tem sido movimentada nos últimos tempos grande parte dos processos<br />

instaurados nos nossos Tribunais, nós haveríamos de concluir, de parceria com o comentador, que a Justiça<br />

em Portugal se não encontra apenas doente, mas em verdadeiro estado de coma».<br />

Já defendendo um maior controlo democrático, tanto do Poder Judicial português, como do próprio<br />

Ministério Público, pode ver-se a entrevista pessoal que o reputado advogado DANIEL PROENÇA DE<br />

CARVALHO deu à jornalista MARIA JOÃO AVILLEZ, no Expresso-Revista de 1 de Maio de 1998, págs.<br />

32 a 44, sob o título geral «Soares e Cavaco estão do bom lado», de que destacamos a seguinte passagem a<br />

este respeito:<br />

«EXPRESSO: Apesar das idas e vindas, dos intervalos, manteve-se sempre fiel a uma espécie de<br />

cavalo-de-batalha que resumirei numa frase sua: “Todos os poderes da soberania devem ser reportados <strong>ao</strong><br />

sufrágio universal”. Isto quer dizer que continua a defender, por exemplo, que o Ministério Público dependa<br />

do Ministro da Justiça ?<br />

D.P.C.: Continuo. A evolução mais recente dos regimes democráticos tem determinado que os<br />

poderes políticos e democráticos, cuja origem é o sufrágio, percam influência e peso em benefício de<br />

poderes fácticos e outros não fácticos — os poderes jurídicos —, sem se ancorarem no sufrágio: a<br />

Comunicação Social e o poder judicial. Em Portugal foi-se longe de mais neste último: retirou-se qualquer<br />

supervisão, fiscalização ou influência dos poderes democráticos sobre a organização da magistratura judicial<br />

e, no que toca <strong>ao</strong> Ministério Público, também se foi <strong>ao</strong> ponto de o tornar independente, autónomo, dos<br />

poderes democráticos. O que é uma novidade, porque na generalidade dos países democráticos o Ministério<br />

Público depende do Governo e do titular da Justiça. Ora, isto traz perigos: para a segurança das pessoas,<br />

visto que não é possível <strong>ao</strong>s poderes democráticos ter uma política judicial ou criminal. Esta<br />

desresponsabilização dos poderes políticos é responsável pelo c<strong>ao</strong>s e inoperância do sistema judicial. Como<br />

também trouxe a tentação do protagonismo no poder judicial, e até de utilização de processos criminais com<br />

motivações políticas e como formas de intervenção na política.<br />

EXPRESSO: Em resumo, é adepto de que...<br />

D.P.C.: Sou adepto de que no sistema judicial, através do Conselho Superior da Magistratura, os<br />

órgãos políticos democráticos tenham uma maior influência para poderem determinar uma fiscalização,<br />

prioridades, algumas políticas do sistema judicial, a regeneração do próprio sistema; e, no caso do<br />

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