20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Estado é a esfera da conciliação do universal e do particular», «o Estado é a realidade (wirklichkeit)<br />

da liberdade concreta».<br />

d) — Curiosamente, esta tese aparece hoje com muito maior verosimilhança do que apareceu <strong>ao</strong>s olhos<br />

de KARL MARX (uma pessoa que, hoje, já não é, definitivamente, do nosso tempo e que, mesmo<br />

quando ainda o era, algo «parcialmente», quanto mais não fosse pelas suas sequelas teóricas e histórico-<br />

institucionais, nunca foi das nossas «simpatias», nem pessoais, nem políticas ou ideológicas...), que a<br />

criticou por meramente «idealista» e «abstracta», já que a evolução sociológica, económica, tecnológica<br />

e política que conduziu às sociedades abertas do nosso tempo desembocou numa situação sociológica<br />

geral, económica, tecnológica e política que, na sua intensa diferenciação, ace<strong>ler</strong>ada mutabilidade e<br />

enorme complexidade, é muito diferente e superou mesmo em muitos aspectos a situação do tempo<br />

<strong>deste</strong> último autor, pelo que, superada a base sociológica em que assentou toda a sua teorização, do<br />

mesmo modo também ficou superada esta. Para uma referência às limitações do «modelo Marx», bem<br />

como do «modelo Spencer», na interpretação histórica da mudança social, veja-se, por fim, PETER<br />

BURKE, Sociologia e História, Edições Afrontamento, Porto, © 1980.<br />

e) — Por outro lado, a insistência unilateral num modelo sociológico só integracionista, na visão das<br />

sociedades abertas, plurais, dinâmicas e liberais do nosso tempo, dando de barato facilmente a<br />

existência daquela sociedade civil liberal (JOHN GRAY) acima referida e sublinhando sobretudo a<br />

crítica, que também nos tem sido dirigida, da ausência (ou da pretensa ausência) de uma dimensão<br />

sistematicamente integrante de comunidade (gemeinschaft), é esquecer, paradoxalmente, não só os<br />

vários níveis sociais estruturais fundamentais dessas sociedades e as respectivas diferentes estruturas<br />

e modalidades (o nível local e infra-estrutural, microssocial e contextual concreto das «pequenas<br />

comunidades de vida e de saber» de que fala BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, onde é viável a<br />

democracia participativa; o nível intermédio e estrutural alargado da «realidade» social das trocas, das<br />

relações sociais de mera comutatividade contratual e do Mercado Aberto, ou da Catalaxia; e o nível<br />

superior integrante e supra-estrutural da «comunidade política pública», nacional ou trans-nacional, ou<br />

da democracia representativa integrada num regime de «constituição mista») e que a integração social<br />

nunca pode ser hoje total, completa e perfeita; como é esquecer ainda a existência da dimensão<br />

estrutural de abertura, de residual desintegração e mesmo, de algum modo, de conflito, nas<br />

sociedades contemporâneas avançadas; bem como, finalmente, que o modelo global que melhor se lhes<br />

aplica é o que foi descrito por A. CASTANHEI-RA NEVES, como sendo essas sociedades, mais<br />

rigorosamente, afinal verdadeiras «integrações desintegradas e desintegrações integradas» — disto<br />

tudo resultando a necessidade daquelas mediações e conciliações dialécticas acima referidas por<br />

HEGEL, <strong>ao</strong> nível superior e integrante da comunidade política pública (JOHN RAWLS, VITTORIO<br />

POSSENTI), coincidindo assim HEGEL, neste ponto pelo menos, com o melhor do pensamento<br />

liberal moderno e contemporâneo.<br />

269

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!