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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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propício à mobilização populista, que pode assumir traços de extrema-direita (veja-se LE PEN, ou o<br />

recente avanço neo-nazi no leste da Alemanha), mas não necessita de ir tão longe. A história regista<br />

populismos menos assanhados, como o justicialismo de PERÓN (muito ligado <strong>ao</strong>s sindicatos), os<br />

inúmeros movimentos populistas norte-americanos (em defesa do crédito barato, por exemplo), a<br />

contemporânea “Liga Lombarda” de BOSSI, ou a cruzada anti-impostos de POUJADE (a “pena máxima<br />

para a colecta mínima”, pedida – e em parte conseguida – pelo PSD, vai mais por aí).<br />

O populismo não dispensa um discurso demagógico contra os ricos, ou melhor, contra aquilo que<br />

muitas pessoas, sobretudo da pequena burguesia, sentem como símbolo de um poder económico que as<br />

prejudica. Mas não passa daí, de um esquerdismo verbal: trata-se apenas de um discurso, útil sobretudo<br />

quando não se exercem responsabilidades de governo, potencialmente rendoso em votos – os que não se<br />

julgam ricos, e são por isso contra os ricos, constituem a maioria da população – mas sem grandes<br />

consequências práticas. (...)».<br />

g) — Sobre o contraste entre ambientalistas (moderados, reformadores, gradualistas, usualmente<br />

designados nas universidades americanas por shallow ecology = ecologia superficial, em que se insere,<br />

felizmente, a generalidade das associações portuguesas de defesa do ambiente) e ecologistas (com base<br />

teórica na deep ecology = ecologia profunda, em que avultam BILL DEVALL, GEORGE SESSIONS,<br />

ARNE NAESS, ALDO LEOPOLD, LOVELOCK, WILLIAM AIKEN, HANS JONAS, etc., e que radica<br />

em tradições como o cristianismo filiado em S. FRANCISCO DE ASSIS e GIORDANO BRUNO,<br />

ESPINOZA e a sua identificação de Deus com a Natureza, a crítica da Modernidade de HEIDEGGER, a<br />

espiritualidade oriental do budismo e do Zen, os ensinamentos da «ciência ecológica», a sabedoria dos<br />

povos primitivos, a filosofia perenial de HUXLLEY, ou a tradição literária naturalista e pastoralista<br />

americana de WHITMAN, MELVILLE ou HENRY THOREAU, tendência para a qual o mundo não-<br />

humano possui valor em si, independentemente da sua utilidade, e não por relação com o homem, e que<br />

assenta numa «visão holística do mundo», inserindo o homem num sistema harmonioso mais vasto do qual<br />

é apenas uma parte, em igualdade de circunstâncias com as demais partes...) e as críticas do filósofo francês<br />

LUC FERRY a esta última de fundamentalismo potencialmente totalitário, como o movimento activista<br />

americano Earth First !, de DAVE FOREMAN, apelidado de «eco-fascista» — veja-se o <strong>texto</strong> intitulado<br />

Ecologia Profunda: Como se a Natureza importasse, de DAVID SILVA E SOUSA, na Revista «Forum<br />

Ambiente», nº. 31, de Outubro de 1996, págs. 61-63.<br />

Já na nossa penúltima obra, intitulada Direito, Democracia, Liberdade (Alguns problemas), 1992,<br />

págs.188-190, a propósito da obra de HANS JONAS, intitulada The imperative of responsability in search<br />

of an ethics for the technological age, The University of Chicago Press, 1984, e referida e relatada por<br />

ANTÓNIO FERNANDO CASCAIS na Revista «Argumento—Revista quadrimestral de Filosofia», vol. I,<br />

nº. 1 de Abril de 1991, tínhamos a<strong>ler</strong>tado para o perigo que configurava a «heurística do medo» proposta<br />

por aquele autor, que bem depressa e automaticamente se poderia transfigurar numa bem mais perigosa<br />

«patologia do pânico», numa irracional e fóbica qualquer «histeria colectiva», i. é, numa consciência<br />

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