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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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Onde é mais precisa a competição é onde ela está mais ausente: na saúde, e no ensino, a grande chave<br />

da futura riqueza das nações. Sem competição leal entre as escolas e as universidades, públicas e<br />

privadas, sem informação pública acerca dos resultados de cada uma, as famílias ficam à mercê da<br />

inércia de pesados aparelhos corporativos — e os jovens ficam, sem o saberem, seriamente<br />

desfavorecidos na busca da excelência que é liderada pelas melhores escolas internacionais. Entretanto,<br />

gastam tempo precioso a lutar contra moinhos de vento — as propinas — em vez de exigirem bolsas<br />

para os que precisam e prémios para os melhores».<br />

O mesmo Autor, noutro seu artigo de opinião publicado também no semanário Expresso, mas já de 6 de<br />

Junho de 1998, ainda sob a epígrafe Gratificação diferida, depois de se referir a dois <strong>livro</strong>s publicados<br />

próximamente dessa data — um, intitulado The Wealth and Poverty of Nation — Why Some Are So Rich<br />

and Others So Poor, da autoria do economista de Harvard, DAVID LANDES, e outro com o título<br />

Conquests and Cultures, o último volume de uma trilogia começada com Race and Culture e seguida de<br />

Migrations and Culture, da autoria do economista e historiador da Hoover Institution, da Universidade<br />

de Stanford, THOMAS SOWELL —, os quais chegam ambos à conclusão, na linha já de ADAM<br />

SMITH e, depois, de MAX WEBER, de que a variável decisiva para explicar a riqueza das Nações é<br />

a Cultura, em especial a cultura cívica e política, sobretudo a que valoriza os comportamentos<br />

fundados na raciona-lidade, persistência e trabalho árduo, ou seja, os comportamentos que apostam<br />

naquilo que se consagrou designar por gratificação diferida, por contraste com a chamada gratificação<br />

instantânea ou imediata, portanto, os comportamentos que valorizam o investimento, a dedicação<br />

continuada e persistente a objectivos não imediatos, o respeito pelos contratos e a honra da palavra, a<br />

busca da excelência... — diz o seguinte, em conclusão:<br />

«(...) É muito curioso, no entanto, que nós vivamos hoje na chamada era do “capitalismo global” (um<br />

termo, em meu entender, altamente enganador) e assistamos simultaneamente a um clima intelectual<br />

dominado pela ofensiva da gratificação instantânea e pelo recuo, quase debandada, da gratificação<br />

diferi-da.<br />

Esta ofensiva da gratificação instantânea manifesta-se de tantas maneiras que é difícil resumi-las e<br />

ordená-las. Manifesta-se na cultura pós-moderna que cultiva o efémero e a ausência de sentido, aquilo<br />

que EDUARDO LOURENÇO sabiamente designou por “esplendor do c<strong>ao</strong>s”. Manifesta-se nos índices<br />

cres-centes de violência nos “media” e nos espectáculos de massas. Manifesta-se na desvalorização<br />

da família e do envolvimento romântico, e na obsessiva ênfase no chamado “sexo seguro” e nas<br />

ligações instantâ-neas. Manifesta-se na adopção quase generalizada da chamada “cultura jovem”, uma<br />

espécie de “infantilização do espírito” propagada em regra por adultos em nome dos jovens.<br />

Não é menos curioso, no entanto, o facto de a cultura da gratificação diferida parecer estar em posição<br />

de total defensiva. Raras são as vozes que se erguem em defesa das atitudes culturais que sempre<br />

estiveram associadas à tradição da liberdade, em defesa, nomeadamente, da gratificação diferida. De<br />

certa forma, assiste-se à vitória póstuma dos adversários da civilização liberal: batida no terreno<br />

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