20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

económico e político com a derrocada do Muro de Berlim, a hostilidade à tradição da liberdade parece<br />

agora trans-ferir-se para o terreno cultural.<br />

É um fenómeno intrigante. A leitura de DAVID LANDES e THOMAS SOWELL não desvenda este<br />

mistério. Mas confirma que há um qualquer equívoco de fundo na presente atmosfera intelectual».<br />

Ora, justamente a respeito do «fundo» de tudo isto — e numa brilhante análise psico-social, cujos, já<br />

(por nós...) conhecidos, alcance e pregnância de significado, bem como acuidade e lucidez de<br />

diagnóstico, estão longe de ser, sequer, atingidos por muitos dos nossos «sociólogos encartados» (por<br />

vezes, auto-deno-minados pela «etiqueta oitocentista e auto-promocional» de «cientistas sociais»...),<br />

que aí temos... — o Professor e Psicanalista português CARLOS AMARAL DIAS, numa sua (já<br />

habitual...) «crónica», intitu-lada «O novo ser português» [Cfr. Expresso-Revista Nº. 1 421, de 22 de<br />

Janeiro de 2 000, pág. 26] — depois de contrastar a (para nós... só «cinzenta/escura»...) situação<br />

social portuguesa, toda ela superior-mente resumida na frase do nosso poeta ALEXANDRE O’ NEIL:<br />

«Neste país em diminutivo/respeitinho é que é preciso...» [em que, por um lado: «(...) Diminutivo era<br />

então, não a extensão geográfica, obviamente pequena no Portugal continental, mas antes adjectivo de<br />

um estado de alma, traço identitário que, caminhando pela apagada vil tristeza, nos ensombrava<br />

os olhos de inveja face à grandeza e vitalidade do pensamento europeu...»; e em que, por outro lado:<br />

«(...) Respeitinho, por sua vez, mesquinho diminu-tivo de respeito, fazia a concordância de género e,<br />

por isso, sustentava um género, um estilo...»], com os mais recentes «sinais» que, hoje, depois que os<br />

seus olhos «... poisaram, pela primeira vez, na Gare do Ori-ente...», logo lhe asseguraram que eles «...<br />

nos encaminhavam para o futuro, trampolim temporal para ou-tros voos, outras palavras ...» — vem<br />

dizer-nos, simplesmente, isto:<br />

«(...) Porém, se a Gare do Oriente nos pode servir como ponto de partida para uma outra forma de<br />

pensar e sobretudo de nos sentirmos, ela representava também o estrebucho moribundo de qualquer<br />

coi-sa ainda não desaparecida. Dessa coisa que poderia ser colocada como tensão conflitiva entre<br />

fixação, regressão e progressão, resulta, no Portugal de hoje, uma fantástica miríade de contradições.<br />

Convém, aqui, brevemente, definir o que se entende por estes termos. Por fixação, entendemos o<br />

mecanismo pelo qual, <strong>ao</strong> longo do desenvolvimento psico-afectivo, se criam áreas da maior tensão<br />

confliti-va; por regressão, entendemos justamente o movimento para o qual o aparelho psíquico, face à<br />

incapacidade de resposta a um problema actual, recua (regride) a pontos anteriores de desenvolvi-<br />

mento, neste caso, exactamente <strong>ao</strong>s pontos de fixação; finalmente, por progressão, designa-se um<br />

movi-mento que conduz o humano, desde as fases mais precoces do desenvolvimento até à<br />

maturidade emo-cional.<br />

Ora, se em Portugal, como é óbvio, SALAZAR e o salazarismo representaram um ponto radical de<br />

fixação, a nível dos complexos modelos de funcionamento dentro do aparelho de Estado, dentro da<br />

socieda-de civil e entre ambos, fácil é entender como esse fantasma, ainda que, às vezes aparentemente<br />

criado pelos “media”, reaparece, como intermitência, na democracia portuguesa. CAVACO SILVA,<br />

305

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!