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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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desemprego da França. Eu não entendo o que é que há de tão desumano nisso. A Grã-Bretanha tomou as<br />

medidas necessárias para ser competitiva e produzir riqueza e emprego na economia global moderna. Os<br />

alemães têm finalmente o pressentimento daquilo que deve ser feito. A ideia de que os socialistas<br />

franceses são eleitos numa plataforma da redução das horas de trabalho é absurda. Em meados do<br />

próximo século, metade da população europeia terá mais de 55 anos. Toda a gente terá de se reformar<br />

<strong>ao</strong>s 70 anos. Não se pode manter um Estado de bem-estar em que 60 por cento da população é inactiva».<br />

Declarando, finalmente, que, economica e sociologicamente, o século XX começou com a criação da<br />

sociedade industrial e termina com o aparecimento da sociedade pós-industrial e, politicamente, foi o<br />

século do Estado, FUKUYAMA conclui, nessa entrevista, que:<br />

«(...) A maioria das políticas foram conduzidas por Estados-Nação. O século começou com uma Grande<br />

Guerra na Europa, levada a cabo por eles. Muitos dos grandes movimentos políticos — como o<br />

nacional-socialismo e o bolchevismo — foram tentativas de modernização e mudança económica e<br />

social através do poder estatal maciço. Hoje, as pessoas perceberam que isso falhou e que o Estado é<br />

incapaz de modernizar a sociedade. Grande parte do insucesso do Estado assenta na complexidade da<br />

vida económica moderna. Por isso, o espaço que o Estado tem para actuar é muito mais restrito<br />

hoje. Aquilo a que assistimos actualmente, na sociedade pós-industrial, permanecerá conosco por muito<br />

tempo. Esta é a maior mudança que vejo no século XX».<br />

Por tudo isto, a nossa «tese essencial», a respeito desta temática, no «caso português», é a de que:<br />

O atrazo, decadência, arcaísmo e não-desenvolvimento económico, cultural e social de Portugal,<br />

antes, durante e depois de SALAZAR [ou a sua situação de «semi-periferia», como outros gostam de<br />

caracterizar — sendo oportuno sublinhar aqui que, contudo, nós estamos longe de qualificar o autorita-<br />

rismo retrógado, beato e integrista do Salazarismo do Estado-Novo, como estritamente «fascista»,<br />

tout- -court... — entre outras coisas porque o «fascismo» italiano, tal como o «nacional-socialismo»<br />

ou «nazis-mo» alemão (dos quais aquele Salazarismo, apesar de tudo, se distinguiu, para além de<br />

pontuais e episódi-cas, mas irrelevantes, «analogias», ou superficiais «parecenças», ou meramente<br />

«ocasionais coincidênci-as»...), bem como também, não menos «obviamente», o comunismo, o<br />

socialismo e o marxismo-leninismo estalinista, foram, assumida e objectivamente, movimentos e<br />

regimes de nítido carácter «moderno-tota-litário» — enquanto que o Salazarismo do Estado-Novo foi,<br />

sim, autoritário, ditatorial, conservador-inte-grista, nacionalista e reaccionário ou anti-moderno, mas<br />

não foi, na sua «essência», ou <strong>ao</strong> mesmo título e no mesmo sentido, estritamente «moderno-<br />

totalitário»...], explica-se, assim, àquela luz (e como «causas» mais ou menos «imediatas», ou, pelo<br />

menos, sem dúvidas, as «mais óbvias»...), essencialmente pela rele-vância particular de três factores<br />

culturais «convergentes», entre porventura outros:<br />

α). — O tradicional «Catolicismo Português» mais «retrógado» e, rigorosamente, o mais «reaccio-<br />

nário», ou seja, tipicamente «anti-moderno», com a dominância religioso-cultural, quase exclusiva,<br />

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