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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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«(...) Por outras palavras, as formas mais conseguidas de modernidade não são totalmente modernas<br />

— isto é, não são baseadas na proliferação universal por todo o tecido social dos princípios liberais<br />

económicos e políticos. Este enigma pode ser expresso de forma diferente. Em finais do século XX<br />

constata-se não só o falhanço de projectos ideológicos grandiosos, como o comunismo, mas também<br />

o bloqueamento de esforços mais modestos de engenharia social — como os que foram ensaiados por<br />

governos democráticos de natureza moderada».<br />

«(...) O colapso do comunismo e o fim da guerra fria não trouxeram, como muitos comentadores<br />

admitiam, um ressurgimento global do tribalismo, ou o reavivar das rivalidades nacionalistas do século<br />

XIX, ou a desagregação civilizacional a caminho da violência atómica. A democracia liberal e o<br />

capitalismo permanecem como modelos essenciais, para não dizer únicos, para a organização<br />

política e económica das sociedades modernas».<br />

(...) «Mas nos tempos que correm, e apesar das tendências para uma homogeneização em diversos<br />

domínios, existem ainda pressões significativas para uma diferenciação de carácter cultural. As<br />

modernas instituições liberais, políticas e económicas, não só coexistem com o fenómeno religioso e<br />

com outros fenómenos de índole cultural, como, de facto, funcionam melhor em conjunção com<br />

eles. Se muitos dos problemas sociais que ainda subistem são de natureza essencialmente cultural — e<br />

se as diferenças marcantes entre as sociedades são mais culturais do que políticas, ideológicas ou<br />

institucionais —, parecerá lógico que as sociedades em causa se agarrem a esses aspectos de distinção<br />

cultural e que estes acabem por assumir nos anos vindouros uma maior saliência e uma<br />

importância mais determinante» — os itálicos e os bold são nossos.<br />

Perguntado, em entrevista exclusiva para o jornal Público, de 6 de Julho de 1997, se ainda pensava hoje<br />

o mesmo sobre o «Fim da História» que pensava em 1992, FUKUYAMA respondeu:<br />

«Nada do que se passou nos últimos cinco anos me fez mudar de opinião. Muitos interpretaram-me mal.<br />

Continua a ser verdade que não há alternativa à democracia liberal ou <strong>ao</strong> sistema económico<br />

capitalista global».<br />

E confrontado com o «paradoxo» de «um criticismo interno do capitalismo por parte da própria opinião<br />

pública ocidental», FUKUYAMA disse:<br />

«Eu nunca disse que não haveria problemas; isso é inerente a qualquer sociedade moderna. Nenhum<br />

crítico do capitalismo sugeriu novas ideias para substituir os mercados ou o voto democrático como<br />

forma de nomeação do poder político».<br />

Comentando ainda as recentes vitórias eleitorais socialista e trabalhista, respectivamente, em França e na<br />

Inglaterra, disse:<br />

«A França está a avançar na direcção contrária à necessária. Muitos franceses vivem num mundo<br />

económico diferente daquele que eu entendo. O Estado de bem-estar moderno encontra-se nitidamente<br />

em crise. O primeiro-ministro JOSPIN fala desta cruel e desumana visão anglo-saxónica do capitalismo.<br />

Mas, por outro lado, os EUA têm uma taxa de desemprego de 4,8 por cento. Ou seja, um terço do<br />

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