Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

À semelhança do que já fizemos noutros locais do presente livro, não resistimos a transcrever, também
aqui, a seguinte passagem edificante e moralizante do poema O Profeta, já oportunamente identificado, da
autoria do poeta libanês GIBRAN KHALIL GIBRAN, quando AL-MUSTAFA, é interpelado do seguinte
modo, respondendo:
fome.
«E um comerciante disse: “Fala-nos das Compras e das Vendas”.
E ele respondeu:
“A vós, a terra oferece os seus frutos, e nada vos faltará se somente souberdes como encher as mãos.
É trocando as dádivas da terra que encontrareis a abundância e sereis satisfeitos.
E, contudo, a menos que a troca se faça no amor e na justiça, ela conduzirá uns à avidez e outros à
Quando vós, trabalhadores dos campos e dos vinhedos, encontrardes no mercado os tecelões, os
oleiros e os colhedores de especiarias,
Invocai o espírito mestre da terra para que desça sobre vós e santifique as balanças e os cálculos que
comparam valor com valor.
E não permitais que aqueles que têm as mãos vazias tomem parte nas vossas transacções, eles que vos
venderiam as suas palavras em troca do vosso labor.
A tais homens deveríeis dizer:
“Vinde conosco aos nossos campos ou ide com os nossos irmãos para o mar e jogai a vossa rede:
Pois tanto quanto a nós, a terra e o mar vos serão generosos”.
Mas quando vierem os cantores e os bailarinos e os flautistas, comprai das suas ofertas.
Pois eles também colhem frutos e incensos e, embora feitos de sonhos, os seus produtos são
vestimentas e alimentos para as vossas almas.
E antes de deixardes o mercado, vede que ninguém se retire de mãos vazias.
Pois o espírito mestre da terra não descansará em paz sobre o vento enquanto as necessidades do mais
humilde entre vós não tiverem sido satisfeitas.”».
f) — Quanto à importância fundamental do dinheiro, como uma «insígnia simbólica» (symbolic
token) e um «mecanismo descontextualizante» (disembedding mechanism), na Modernidade (outros são
os «meios de legitimação política»), que reorganiza completamente (por distanciação) as dimensões de
espaço-tempo, e a sua dependência do valor da confiança — trust — (confiança não em indivíduos
concretos, mas em capacidades abstractas), veja-se ANTHONY GIDDENS, The Consequences of Moder-
nity, citado já noutro local, págs. 21-36.
Outros «mecanismos descontextualizantes» da Modernidade são, por exemplo, segundo o mesmo
autor, os «sistemas periciais» (expert systems), como os sistemas técnicos ou de perícia profissional que
organizam largas áreas dos ambientes sociais e materiais em que vivemos hoje: por exemplo, todos
confiamos na competência dos arquitectos que construíram a nossa casa, por forma a que a utilizamos
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