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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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Enlightenment´s Wake: Politics and Culture at the Close of the Modern Age, 1995 (citado na<br />

bibliografia anexa, págs. 64-86 e 120-130), chama de liberalismo agonístico (agonistic liberalism), o<br />

«outro liberalismo» que encontrou na obra de ISAIAH BERLIN (veja-se a notícia do falecimento <strong>deste</strong><br />

último filósofo a 5 de Novembro de 1997, que havia nascido em Riga, Letónia, em 1909, no <strong>texto</strong> de<br />

CARLOS LEONE, intitulado A morte de uma raposa, no Expresso-Cartaz de 15 de Novembro de 1997,<br />

pág. 3), combinado com a ideia de pluralismo objectivo e radical dos valores (radical value-pluralism,<br />

objective pluralism of the radical sort) ou da radical incomensurabilidade dos valores (value<br />

incommensurability) de JOSEPH RAZ.<br />

GRAY considera que, em todas as suas variedades, o liberalismo tradicional — o liberalismo de<br />

LOCKE e KANT, por exemplo — é uma teoria política universalista. Ele contém contém um sistema de<br />

princípios que funcionam como normas universais válidas para toda a Humanidade e como ideal crítico<br />

em relação às instituições humanas. É certo que pode ser aceite — como sucede com um proto-liberal<br />

como ESPINOZA — que «o melhor regime» só raramente possa ser alcançado e que não se pode<br />

esperar que ele dure muito; será então aceite que o seu papel no pensamento político seja o de um ideal<br />

regulativo, do qual a prática política só pode esperar aproximar-se, mas sujeita a todas as vicissitudes e<br />

exigências das circunstâncias. Não obstante, o liberalismo tradicional tem pretensões à universalidade e<br />

representa uma continuação do racionalismo político clássico, tal como se encontra em<br />

ARISTÓTELES e SÃO TOMÁS DE AQUINO, que também sustenta princípios universais idealmente<br />

aplicáveis a todos os seres humanos.<br />

As pretensões universalistas da filosofia política clássica na tradição central ocidental são transmitidas<br />

<strong>ao</strong> pensamento político da Modernidade, que, em todas as suas variedades, liberais ou não, é uma<br />

aplicação do projecto do Iluminismo: o projecto de dar às instituições humanas uma pretensão de<br />

racionalidade que tenha autoridade universal. Este projecto foi inaugurado pelo primeiro pensador<br />

político do Iluminismo, THOMAS HOBBES, ele próprio um não-liberal, mas desde logo antecipando,<br />

como ESPINOZA, muitos dos temas centrais do pensamento liberal, quando tentou fundar a autoridade<br />

política na escolha racional dos seus súbditos mais do que na tradição ou na prescrição local. Nas<br />

teorias políticas do Iluminismo, o conteúdo universalista do racionalismo político clássico reaparece<br />

como uma filosofia da história que tem a sua convergência universal numa civilização racionalista<br />

como o seu telos. O Iluminismo dá aqui corpo à ideia de progresso como uma afirmação diacrónica da<br />

concepção clássica do direito natural: esta é a moderna concepção do desenvolvimento humano e<br />

social, ocorrendo em sucessivos e discretos estádios, nem em todo o sítio os mesmos, mas tendo em<br />

comum a convergência numa única forma de vida, uma civilização universal, racional e<br />

cosmopolita. Esta ideia de progresso do projecto Iluminista encontra-se desde LOCKE até KANT,<br />

desde JOHN STUART MILL até <strong>ao</strong> último RAWLS, inextricavelmente ligada com a filosofia da<br />

história. GRAY considera, em nota, que houve outras versões não-liberais do projecto Iluminista, tais<br />

como o Positivismo e o Marxismo, mas conclui que o seu pensamento foi atávico e politicamente<br />

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