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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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prática, cujo telos é um modus vivendi votado mais à obtenção da Paz do que da Verdade, na senda<br />

dos fundadores do pensamento político moderno: HOBBES e MAQUIAVEL.<br />

E quanto à acusação, que ele antecipa, de Relativismo Moral ou Cultural, diz, afinal, que o facto de<br />

uma forma liberal de vida não poder ser fundada na Razão Universal não significa que ela não<br />

pressuponha o «Conteúdo Mínimo Universal» da «Moralidade» — o que H. L. A. HART chamou «o<br />

conteúdo mínimo do direito natural» —, embora esse conteúdo, na obra de BERLIN, seja ele mesmo<br />

constituído por uma pluralidade de valores incomensuráveis e, por vezes, conflituais. E embora esse<br />

conteúdo mínimo universal de moralidade (no qual, segundo pensamos, não podem deixar de estar<br />

incluídos, pelo menos, os «direitos humanos fundamentais» e a «axiologia» mínima referida no<br />

Ponto 7. do Capítulo III do presente <strong>livro</strong>) possa, por vezes, ser melhor satisfeito por formas de vida<br />

não-liberais (como, por exemplo, em certas sociedades e culturas da Ásia Oriental), do que por formas<br />

de vida liberais — o que é o argumento principal jogado contra o pretenso universalismo do liberalismo<br />

tradicional ou convencional. No pensamento do forte pluralismo e da radical incomensurabilidade dos<br />

valores e das culturas de GRAY, não é concedido nenhum privilégio ou autoridade especial às «formas<br />

de vida» ou «culturas» ocidentais, liberais, democráticas e de mercado; estas são, em princípio, tão<br />

válidas como quaisquer outras que não o sejam, desde que estas últimas estejam <strong>ao</strong> serviço de e<br />

sejam percebidas como legítimas pelos respectivos povos.<br />

JOHN GRAY pergunta: «Porque é que a liberdade pessoal é digna ser prosseguida ? Apenas pelo que<br />

ela é em si própria, porque ela é o que é, não porque a maioria deseje a liberdade. Os homens em<br />

geral não procuram a liberdade, apesar da celebrada exclamação de ROUSSEAU de que eles nascem<br />

livres...». E conclui que, estando nós presentemente, não perante o «Fim da História», como foi<br />

proclamado por FRANCIS FUKUYAMA, mas perante o fim do conflito entre as ideologias do<br />

Iluminismo e o fim do próprio projecto Iluminista, as sociedades liberais que melhor estão colocadas<br />

para aguentar as tempestades do presente período são aquelas em que as tradições liberais vão de<br />

mãos dadas com uma sólida cultura nacional comum. Pelo contrário, as sociedades que passarão pior<br />

serão aquelas em que a influência política de uma ideologia liberal hubrística — uma ideologia que se<br />

socorre das ilusões do legalismo e do racionalismo e que desvaloriza as realidades históricas de formas<br />

particulares de cultura comum em vista da miragem do universalismo — tem sido a dominante.<br />

[<strong>Um</strong>a «Nota Crítica» sôbre as mudanças, cambiantes, oscilações (e..., contradições ???) sequenciais da<br />

posição teórica e das opiniões políticas de JOHN GRAY ⎯ apesar de considerar que o «Centro» do<br />

seu pensamento continuou a ser sempre o «Liberalismo», no sentido mais lato do termo ⎯ e a<br />

propósito do <strong>livro</strong> mais recente <strong>deste</strong> Autor, intitulado: Two Faces of Liberalism, New Press, New<br />

York, 2 000 ⎯, pode <strong>ler</strong>-se na Revista «NOVA CIDADANIA», Ano III, Nº.: 13, de Julho/Setembro<br />

de 2 002, em <strong>texto</strong> de MARC F. PLATTENER, intitulado: As Duas Faces do Liberalismo: Entre os<br />

Princípios Universais e a Coexistência de Modos de Vida, Páginas: 63 a 66].<br />

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