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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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44 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

barreiras 4 . Pouco depois, sobretudo durante os anos 60, os estudiosos começaram<br />

a retroceder o tempo, buscando as raízes <strong>da</strong> resistência e dos movimentos de<br />

protesto no início <strong>da</strong> época colonial e, mais longe ain<strong>da</strong>, nas primeiras tentativas<br />

de resistência ao jugo europeu 5 . Estes trabalhos sobre os movimentos de<br />

resistência e de protesto constituem uma importante contribuição para corrigir<br />

os desvios <strong>da</strong> história colonial, mas ain<strong>da</strong> estamos longe de considerar a história<br />

<strong>da</strong> <strong>África</strong> com objetivi<strong>da</strong>de.<br />

No último estágio, a descolonização <strong>da</strong> história africana <strong>da</strong> época colonial<br />

deverá derivar de uma fusão <strong>da</strong> revolta contra o eurocentrismo e do movimento<br />

antielitista. A revolução behaviorista já começou a influenciar a historiografia<br />

africana. Trata -se de uma influência ain<strong>da</strong> recente e limita<strong>da</strong>, restando muito a ser<br />

publicado. Certos historiadores, porém, começaram a buscar um método comum<br />

interdisciplinar que lhes permita iniciar o estudo <strong>da</strong> história <strong>da</strong> agricultura ou <strong>da</strong><br />

urbanização a fim de se utilizarem <strong>da</strong>s outras ciências sociais. Outros começam<br />

a se interessar por pequenas áreas isola<strong>da</strong>s, na esperança de que tais estudos de<br />

microcosmos revelem a trama <strong>da</strong> evolução de estruturas econômicas e sociais<br />

mais importantes e mais complexas 6 . A pesquisa modela arroja<strong>da</strong>mente seu<br />

caminho no domínio dos problemas peculiares à história econômica e religiosa,<br />

mas a ver<strong>da</strong>deira descolonização <strong>da</strong> história africana está apenas no início.<br />

Os progressos <strong>da</strong> história analítica – que é também “a história de campo”<br />

basea<strong>da</strong> em investigações e questões coloca<strong>da</strong>s nos próprios locais de pesquisa,<br />

e não somente a consulta aos arquivos – constituem um importante passo nessa<br />

direção. A independência em relação aos arquivos se mostra tão essencial para<br />

o período colonial quanto para o período pré -colonial, cuja documentação<br />

é relativamente rara. O problema <strong>da</strong> “história colonial” sempre foi que, ao<br />

contrário do que se passou e se passa na Europa ou nos Estados Unidos, os<br />

arquivos foram criados e alimentados por estrangeiros. Os escritos incorporam<br />

necessariamente os preconceitos de seus autores, seus sentimentos sobre eles<br />

mesmos, sobre aqueles a quem governavam e sobre seus respectivos papéis. É o<br />

caso <strong>da</strong> história <strong>da</strong> política interna <strong>da</strong> Europa ou dos Estados Unidos, na qual<br />

o preconceito é apenas pró -governamental. No mundo colonial, o historiador<br />

corre o risco de chegar a resultados desastrosos, se negligenciar, por pouco que<br />

4 Consultar, por exemplo, HODGKIN, T. 1956; APTER, D. 1955; COLEMAN, J. S. 1958; JULIEN,<br />

C. A. 1952.<br />

5 ‘Ver, por exemplo, SHEPPERSON, G. e PRICE, T. 1958; RANGER, Y. O. 1967; ILIFFE, J. 1969;<br />

ROTHBERG, R. e MAZRUI, A. A. 1970; PERSON, Y. 1968.<br />

6 Ver HILL, P. 1963.

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