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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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<strong>Pré</strong> -<strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>África</strong> do Norte<br />

Musteriense ‑Ateriense<br />

Em 1955, escrevi que duvi<strong>da</strong>va <strong>da</strong> existência de um Musteriense autônomo<br />

na <strong>África</strong> do norte. Fui severamente repreendido pelo Dr. Gobert, que tinha<br />

to<strong>da</strong> razão. Posteriormente (1965), modifiquei meu julgamento, mas o problema<br />

não estava resolvido; estava simplesmente transferido. Havia, com certeza,<br />

jazi<strong>da</strong>s genuinamente musterienses no Magreb, mas situa<strong>da</strong>s em condições<br />

geográficas extraordinárias, contrárias a algumas concepções aceitas de etnia pré-<br />

-histórica. Seis jazi<strong>da</strong>s na Tunísia: Sidi Zin (Le Kef ), Ain Mhrotta (Kairuan ) ,<br />

Ain Meterchem (Djebel Chambi), Sidi Mansour de Gafsa, El-Guettar (Gafsa),<br />

Uede Akarit (Gabes); uma única na Argélia: Retaimia (vale do Chelif ); três<br />

no Marrocos: Taforalt (Uj<strong>da</strong>), Kifanbel Ghomari (Taza), Djebel Irhoud (Safi);<br />

nenhuma no Saara. Há, entretanto, centenas de sítios pré ou pós -musterienses.<br />

Isto não reflete o estado <strong>da</strong>s pesquisas, pois a descoberta do Musteriense era<br />

uma preocupação essencial dos pré -historiadores formados na França, onde ele é<br />

abun<strong>da</strong>nte, como também nas penínsulas Ibérica e Italiana desde Gibraltar, por<br />

exemplo. Há 800 km de Sidi Zin (Le Kef ) até Retaimia, 360 km deste sítio à<br />

gruta de Taforalt, e ain<strong>da</strong> 700 km até atingir o Djebel Irhoud. Trata -se, entretanto,<br />

de Musteriense perfeitamente caracterizado, assimilável às fácies europeias, em<br />

particular à técnica de lascamento Levallois. Em duas extremi<strong>da</strong>des geográficas<br />

temos o testemunho dos homens: os neandertalenses do Djebel Irhoud e o mais<br />

antigo monumento ritual conhecido, o “cairn” ou “Hermaion” de El -Guettar,<br />

do qual apenas o cume emergia <strong>da</strong> fonte, à qual ele era sem dúvi<strong>da</strong> consagrado.<br />

Exceto em Uede Akarit, nenhuma jazi<strong>da</strong> musteriense está próxima do litoral.<br />

Mas onde estaria então situa<strong>da</strong> a costa do golfo de Gabes? O Musteriense do<br />

Magreb só pode ter vindo do leste. O mais notável é que este Musteriense<br />

conheceu rapi<strong>da</strong>mente uma evolução original: transformou -se, no próprio local,<br />

em “Ateriense”. Baseando minhas deduções numa aplicação rigorosa <strong>da</strong>s regras<br />

de classificação geológica pelos “fósseis mais recentes”, considerei aterienses<br />

esses depósitos industriais do Musteriense onde se encontrava uma ponta<br />

peduncula<strong>da</strong> ateriense (El -Guettar, Ain Metherchem, etc.). Não acredito que<br />

esta peça seja uma prova de contemporanei<strong>da</strong>de de musterienses e aterienses;<br />

penso que o Musteriense do Magreb tenha sofrido uma mutação diferente<br />

<strong>da</strong> evolução de todos os outros Musterienses. J. Tixier mostrou que não se<br />

trata de uma associação de pontas ou de raspadores pedunculados, mas de uma<br />

transformação de cerca de trinta formas musterienses em formas aterienses<br />

pelo lascamento de um pedúnculo basilar. Na Europa, e particularmente na<br />

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