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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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162 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

oral pode ser maior. Um conflito entre uma fonte escrita e uma oral se resolve<br />

exatamente como se se tratasse de duas fontes orais. Devemos ter em mente<br />

que a informação quantitativa escrita, de modo geral, é mais digna de confiança,<br />

mas que a informação oral relativa aos motivos é geralmente mais precisa que<br />

a <strong>da</strong>s fontes escritas. Por fim, cabe ao historiador tentar estabelecer o que é<br />

mais provável. Num caso extremo, se dispomos de apenas uma fonte oral, cujas<br />

prováveis deformações pudemos demonstrar, devemos interpretá -la tendo em<br />

conta as deformações e utilizá -la.<br />

Enfim, acontece frequentemente de o historiador não se sentir satisfeito com<br />

as informações orais de que dispõe. Pode registrar o seu descrédito em relação à<br />

vali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s informações, mas, na falta de algo melhor, é obrigado a utilizá -las,<br />

enquanto outras fontes não forem descobertas.<br />

Coletânea e publicação<br />

Conclui -se de tudo que foi dito acima que todos os elementos que permitam<br />

aplicar a crítica histórica às tradições devem ser reunidos em campo. Isso<br />

implica num bom conhecimento <strong>da</strong> cultura, socie<strong>da</strong>de e língua ou línguas<br />

envolvi<strong>da</strong>s. O historiador pode adquirir esse conhecimento ou solicitar a aju<strong>da</strong><br />

de especialistas. Mas, mesmo nesse caso, ele deve realmente absorver to<strong>da</strong>s<br />

as informações ofereci<strong>da</strong>s pelo etnólogo, pelo linguista e pelo tradutor que o<br />

estão aju<strong>da</strong>ndo. Por último, é preciso adotar uma atitude sistemática diante<br />

<strong>da</strong>s fontes, <strong>da</strong>s quais devem ser recolhi<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as variantes. Tudo isso implica<br />

numa longa permanência em campo, que será tanto mais demora<strong>da</strong> quanto<br />

menor for a familiari<strong>da</strong>de do historiador com a cultura em questão. Devemos<br />

destacar que o conhecimento instintivo de alguém que estu<strong>da</strong> a história de<br />

sua própria socie<strong>da</strong>de não é suficiente. A reflexão sociológica é indispensável.<br />

O historiador deve redescobrir sua própria cultura. A experiência linguística<br />

mostrou que, às vezes, mesmo sendo um nativo do país, o historiador não<br />

compreende facilmente certos registros, como os poemas panegíricos, ou<br />

encontra dificul<strong>da</strong>de porque as pessoas falam um dialeto diferente do seu.<br />

Além do mais, é aconselhável que ao menos parte <strong>da</strong>s transcrições feitas em<br />

seu dialeto materno seja examina<strong>da</strong> por um linguista, para se assegurar que a<br />

transcrição comporta todos os sinais necessários à compreensão <strong>da</strong> narrativa,<br />

incluindo -se aí, por exemplo, os tons.<br />

A coleta <strong>da</strong>s tradições requer, portanto, muito tempo, paciência e reflexão.<br />

Depois de um período inicial de experiência, é preciso estabelecer um plano

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