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Metodologia e Pré-História da África - unesdoc - Unesco

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296 <strong>Metodologia</strong> e pré -história <strong>da</strong> <strong>África</strong><br />

passou a se chamar Escola de Estudos Orientais e Africanos. Também na França,<br />

o ensino sistemático dessas línguas só foi introduzido um pouco mais tarde.<br />

As teorias <strong>da</strong> escola alemã e as descobertas recentes<br />

A Alemanha ocupava, portanto, um lugar de destaque nos estudos históricos,<br />

etnográficos e linguísticos africanos, no período que precedeu imediatamente<br />

a Primeira Guerra Mundial; os trabalhos publicados na Inglaterra, França e<br />

Bélgica baseavam -se nas teorias dos estudiosos alemães. Assim, os etnógrafos<br />

<strong>da</strong> Europa ocidental, no início do século XX, permaneceram apegados à ideia<br />

difundi<strong>da</strong> pelos alemães de que os povos <strong>da</strong> <strong>África</strong> nunca tinham tido história<br />

própria. Com base nesse ponto de vista, os linguistas formularam a teoria<br />

conheci<strong>da</strong> como Camítica, segundo a qual o desenvolvimento <strong>da</strong> civilização<br />

na <strong>África</strong> foi devido à influência de povos camíticos provenientes <strong>da</strong> Ásia,<br />

Um estudo dessas ideias mostra uma forte influência de Hegel, que dividiu<br />

os povos do mundo em dois tipos: povos históricos, que contribuíram para<br />

o desenvolvimento <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de, e povos não -históricos,que se colocam à<br />

margem do desenvolvimento espiritual universal.<br />

Segundo Hegel, não há evolução histórica na <strong>África</strong> propriamente dita. Os<br />

destinos <strong>da</strong> costa setentrional do continente estariam ligados aos <strong>da</strong> Europa.<br />

Enquanto colônia fenícia, Cartago não passava de um apêndice <strong>da</strong> Ásia, e o<br />

Egito era alheio ao espírito africano. As ideias de Hegel exerceram considerável<br />

influência em quase to<strong>da</strong> pesquisa científica relativa à <strong>África</strong> no século XIX; tal<br />

influência é marcante na obra de H. Schürz, o primeiro pesquisador a tentar um<br />

esboço <strong>da</strong> história <strong>da</strong> <strong>África</strong>. Esse autor compara a história <strong>da</strong>s raças <strong>da</strong> Europa<br />

à vitali<strong>da</strong>de de um belo dia de sol, e a <strong>da</strong>s raças <strong>da</strong> <strong>África</strong> a um pesadelo que<br />

logo se esquece, ao acor<strong>da</strong>r.<br />

Para Hegel, foi na Ásia que a luz do espírito despertou e que a história <strong>da</strong><br />

humani<strong>da</strong>de teve seu início. Os estudiosos europeus tinham por indiscutível a<br />

ideia de que a Ásia, berço <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de, foi lugar de origem de todos os povos<br />

que invadiram a Europa e a <strong>África</strong>. Assim, parecia evidente para o etnógrafo inglês<br />

Stow que os mais antigos habitantes <strong>da</strong> <strong>África</strong> – os San – tivessem vindo <strong>da</strong> Ásia<br />

em duas vagas migratórias distintas, os San pintores e os San gravadores; esses<br />

dois grupos teriam seguido trajetórias diferentes, cruzando o mar Vermelho pelo<br />

estreito de Bab el -Mandeb. Após terem atravessado as florestas equatoriais, os<br />

dois grupos reencontraram -se no extremo sul do continente africano. Encontra-<br />

-se nas obras de F. Stuhmann, geógrafo e viajante alemão, a mais completa

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